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Após goleada, ministro defende presença maior do governo no futebol

10/07/2014
Após goleada, ministro defende presença maior do governo no futebol

aldorebelo-vicentesedaPresente na manhã desta quinta-feira ao briefing diário organizado pela Fifa durante a Copa do Mundo, o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, criticou a humilhação sofrida pelo Brasil e pediu mudanças no futebol nacional. Chegando a comparar a derrota por 7 a 1 para a Alemanha na semifinal com o vice-campeonato mundial em 1950, o político avisou que a goleada será uma marca profunda para o país e defendeu uma presença maior do governo na gestão do esporte.
– Já manifestei mais de uma vez a minha opinião e volto a repeti-la: o futebol brasileiro precisa de mudanças. A derrota para a Alemanha evidencia ainda mais essa necessidade. Depois da redemocratização do país, surgiu um clamor contra a presença do Estado dentro do mundo do esporte e principalmente do futebol. Era coisa do regime militar, que promovia intervenção na antiga CBD. E surgiu uma legislação que tirou completamente o Estado e entregou o futebol praticamente ao mercado, aos grandes empresários e aos dirigentes, que passaram a gerir o futebol sem qualquer interferência do Estado. Na época, fui contra por considerar que o esporte é matéria de interesse público e nacional e hoje estamos promovendo um esforço para rediscutir esse tema e retomar o protagonismo do esporte brasileiro. Temos pouca ingerência na regulamentação principalmente da gestão do clubes e acho que precisamos ter alguma presença. Não para nomear dirigente, interventor, mas para que em determinadas situações o Estado possa preservar o interesse nacional e público – frisou.
Apesar das palavras de ordem, Aldo rechaçou uma caça às bruxas neste momento.
– Não sou a pessoa mais indicada a promover um clima de caça às bruxas em um momento de dificuldade. Para todo grande problema geralmente aparece uma solução óbvia, fácil e geralmente errada. Então creio que é preciso ter a consciência de que as mudanças no futebol brasileiro precisam ser feitas, mas é preciso encontrar a eficiência em promovê-las. E que isso não se faça somente pela dor da derrota sofrida para a Alemanha. É preciso que as mudanças tenham sentido de continuidade e erradiquem as causas mais profundas daquilo que conduziu a esse vexame. Nosso futebol tem problemas que precisam ser enfrentados.
Para o ministro, no entanto, o resultado negativo não apaga o esforço feito pelo Brasil na organização da Copa e que vai servir de legado com a infraestrutura de estádios e centros de treinamentos espalhados pelo país.
– Mesmo que isso não tivesse acontecido (derrota para a Alemanha), sempre disse que deveríamos aproveitar a Copa para que esse grande esforço resultasse em infraestrutura, em estádios, em centros de treinamentos. Nosso futebol tem problemas que precisam ser enfrentados. Somos fornecedores de matéria prima e importadores de produtos acabados. O governo, onde é de sua competência, tem procurado ajudar. Estamos discutindo a legislação que apoie os clubes e seus compromissos em relação à responsabilidade financeira, calendário, respeito aos atletas. Já estamos em uma fase bem adiantada. Independentemente do resultado adverso que tivemos contra a Alemanha, é um esforço necessário – frisou.

Ministro rebate críticas de Romário
Aldo rebateu ainda as críticas do deputado Romário à organização da Copa do Mundo e às cobranças de mudança no futebol brasileiro, em especial com relação à fiscalização da CBF. Na última quarta-feira, o ex-jogador soltou uma nota oficial no qual lembrava a tentativa de organizar uma CPI contra a entidade máxima do futebol brasileiro e dizia que José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, presidente e vice da CBF, respectivamente, deveriam estar na cadeia.
– Em 2012, eu apresentei um pedido de CPI da CBF, baseado em um série de escândalos envolvendo a entidade, como o enriquecimento ilícito de dirigentes, corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e desvio de verba do patrocínio da empresa área TAM. O pedido está parado em alguma gaveta em Brasília há dois anos (…). Exceto por um vexame como o de ontem, o Brasil não precisaria se envergonhar de uma derrota em campo, afinal, derrotas fazem parte do esporte. Mas vergonha mesmo devemos sentir de ter uma das gestões de futebol mais corruptas do mundo (…) O presidente da entidade, José Maria Marin, é ladrão de medalha, de energia, de terreno público e apoiador da ditadura. Marco Polo Del Nero, seu atual vice, recentemente foi detido, investigado e indiciado pela Polícia Federal por possíveis crimes contra o sistema financeiro, corrupção e formação de quadrilha. São esses que comandam o nosso futebol. Querem vergonha maior que essa? Marin e Del Nero tinham que estar era na cadeia! Bando de vagabundos!!! – escreveu Romário em seu Facebook.

Indagado sobre o assunto, Aldo foi direto na resposta.

– Quanto ao deputado Romário, ele está autorizado a divulgar e tornar pública toda proposta que enviou ao Ministério do Esporte sobre essa matéria, ou que tenha me apresentado nas diversas audiências públicas que compareci na Câmara sobre esse assunto – disse o ministro, que ao ser questionado sobre o número de propostas que recebeu, respondeu somente “nenhuma”.
Após a queda na semifinal, o Brasil volta a campo no próximo sábado para enfrentar a Holanda, às 17h (de Brasília), no estádio Mané Garrincha, pela disputar do terceiro lugar. No dia seguinte, Alemanha e Argentina se enfrentam no Maracanã na grande final da Copa do Mundo.