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General Mário Lima
O ônibus corria, madrugada alta, em direção a Montevidéu. Observo que, três cadeiras adiante da minha, o General Mário Lima tossia muito. Levanto-me e pergunto se posso ser útil. Agradece e ficamos a conversar. Interrogo-o sobre Maceió antiga. Sabia que ele estava escrevendo fatos de sua vida militar. Comandante da Polícia no polêmico Governo Silvestre Péricles, foi testemunha privilegiada de acontecimentos aos quais a imaginação popular havia oferecido tanto colorido, tornando difícil distinguir o falso do real. O General Mário Lima conta sua versão. A viagem deixa de ser monótona. Ao amanhecer , chegamos à bela capital situada às margens do rio da Prata.
Integrávamos um grupo de alagoanos que participara da Convenção Nacional de Lions realizada, em maio de 1969, em Porto Alegre, e decidira viajar ao Uruguai e Argentina. já o conhecia bem. Ele era uma das figuras veneradas em Alagoas. Oficial Superior do Exército, comandara a Guarnição Federal, fora Secretário de Segurança Pública, Diretor da Companhia Telefônica e homem de sociedade. Presidira o clube social mais antigo do Estado, o Fênix Alagoana. Mas, somente naquela viagem é que tive oportunidade de conhecer a grandeza de sua alma. O General Mário de Carvalho Lima era uma pessoa intrinsecamente boa. Afável, atencioso, benevolente, temperamento conciliador, prestativo, provocava geralmente uma atitude simpática em todos de quem se aproximava.
Comento, com ele, o perigo que representa um político destituído de qualquer conceito de moral, que tenha poder de comunicação, que una a mentira e a falsidade como armas de campanha eleitoral. Ele responde que as pessoas voltadas para o mal eram portadoras de mentes doentias que trabalhavam junto aos derrotados pela vida, os frustrados, os recalcados, mas que, sempre, seriam derrotadas porque, no final, a verdade predomina e o bem será vitorioso. Era um otimista.
Possuía uma grande sede de viver. Embora ele e Dona Zeca aparentassem mais de sessenta anos, participaram de todos acontecimentos. Uma noitada nos alegres restaurantes do boêmio bairro da Boca, passeio pelo rio Tigre, show de tangos, nas casas especializadas, peças teatrais, visitas a igrejas e museus, sempre estavam presentes. Formavam, visivelmente, um casal feliz. Uma felicidade cheia de compreensão para as limitações do outro, cheia de ternura e de afeto.
Mário de Carvalho Lima, soldado e administrador, amigo e companheiro, excelente professor de matemática, exemplar chefe de família, marcou sua passagem pela vida como um realizador.
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