Geral
Canal do Sertão é base para megassistema de abastecimento em AL
Após mais de 20 anos passando de governo a governo como a maior promessa que o povo sertanejo já ouviu, mas que nunca saía do papel, a maior obra estruturante da história de Alagoas mostra resultados, pouco mais de um ano após a inauguração de seu primeiro trecho. O Canal do Sertão, cuja água já irriga propriedades de pequenos agricultores ao longo de 65km, vem mudando a paisagem que antes era seca e possibilitando a estruturação de um megassistema de abastecimento que atenderá 46 municípios do semiárido alagoano.
Primeira obra hídrica em funcionamento de um conjunto que vai levar água tratada e encanada para 1 milhão de pessoas no interior, a execução do canal em primeiro plano foi primordial para a vinda de recursos federais para a construção das três novas adutoras que completam o grande sistema. É o que explica o secretário de Infraestrutura do Estado, Marcos Vital: “A execução da obra do Canal do Sertão com transparência e responsabilidade possibilitou ao governo do Estado angariar recursos federais para erguer as três grandes adutoras”.
Os sistemas adutores citados pelo secretário são o do Alto Sertão, o da Bacia Leiteira e o do Agreste, que entra em testes esta semana e deve ser inaugurado em junho.
“As adutoras estão sendo construídas com verba federal e estadual. Essas verbas federais só são liberadas quando outras etapas do projeto já mostram resultado. Assim, para poder tocar a construção das adutoras, primeiro precisamos fazer o canal despontar como a grande obra hídrica que norteia as demais”, afirma Vital. “Com muito empenho, o Governo de Alagoas fez o Canal do Sertão virar realidade e trouxe essas outras importantes obras de abastecimento, que são as adutoras”.
O acesso à água hoje
O leito de 65 km de água correndo em meio à aridez do Sertão já fornece água à população, enquanto as novas adutoras ainda não entram em operação. Já são cerca de 200 mil pessoas atendidas, seja por carros-pipa cadastrados e fiscalizados pela Defesa Civil ou por meios para o cultivo irrigado.
Hoje, mais de 1.200 pontos de ligação levam a água do canal por tubulações direto a pequenas propriedades, permitindo que os agricultores irriguem seus lotes. Outros 150 agricultores já receberam os primeiros kits de irrigação distribuídos pelo governo em convênio com a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) – mais 750 kits serão entregues até o fim deste ano.
Há, ainda, cerca de 200 barreiros abastecidos por água do canal, que matam a sede dos animais. Alguns deles foram povoados com peixes, como tilápias e tambaquis, para o desenvolvimento da piscicultura.
Distribuição de água é questão humanitária, diz secretário
Tanto os barreiros, quanto os pontos de captação de água por carros-pipa e agricultores estão georreferenciados pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), que gerencia o Canal do Sertão. “A secretaria sabe para quem a água vai e para quê ela está sendo utilizada. Os usuários são pessoas que sofrem com a maior estiagem já vista nos últimos cem anos”, afirma o secretário Napoleão Casado.
“A distribuição da água que já corre pelo canal é uma questão humanitária. À medida que as obras vão avançando, é importante que os trechos concluídos sejam inaugurados para atender à população, como está acontecendo agora”, explica Casado.
Segundo o secretário de Recursos Hídricos, a situação provisória de abastecimento por meio de carros-pipa é feita com critério e monitoramento. “Não podemos dificultar o acesso à água pela população. Pelo contrário, estamos aqui para facilitar esse acesso”, disse Napoleão Casado.
Desenvolvimento do campo e apoio à agricultura familiar
Centenas de famílias que vivem da terra e da criação de animais vêm sentindo na pele os benefícios já trazidos pelo Canal do Sertão. Para que esses pequenos produtores consigam expandir suas lavouras e criações com qualidade e sustentabilidade, pesquisas e projetos são colocados em prática pelos órgãos estaduais ligados ao desenvolvimento agrário. É o caso dos profissionais que vêm sendo treinados pela Emater (Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável) para dar apoio técnico às atividades rurais.
Além de técnicos que estão sendo capacitados para trabalhar junto a 960 agricultores em 12 municípios, outro edital está oferecendo bolsas para profissionais que prestarão assistência técnica aos agricultores familiares beneficiados com os kits de irrigação entregues pelo governo e a Codevasf. Já o projeto Mulheres Rurais em Territórios da Cidadania vai assistir 240 mulheres em oito municípios sertanejos para qualificá-las no trabalho com a produção de alimentos, bens e serviços e sua comercialização.
Segundo a diretora-presidente da Emater, Inês Pacheco, a região tem potenciais econômicos como a bovinocultura do leite, a ovinopacrinocultura e a plantação de palma e sorgo. Com foco nesse diagnóstico, um convênio com o governo federal vai implantar 86 unidades demonstrativas das culturas de palma e sorgo voltados para a forragem animal na região do Canal do Sertão. “A Emater trabalha para aumentar o conhecimento desses agricultores e para dar a tecnologia adequada para o trabalho deles eles”, conclui Inês Pacheco.
Mais lidas
-
1DEMARCAÇÃO EM DEBATE
Homologação de terras indígenas em Palmeira dos Índios é pauta de reunião entre Adeilson Bezerra e pequenos agricultores
-
2PALMEIRA DOS ÍNDIOS
Mesmo com nova gestora, a prefeita Luiza, 19 dos 24 secretários devem permanecer na prefeitura; veja a lista
-
3SUCESSÃO
Disputa na OEA: Caribe se organiza e Paraguai busca apoio de Lula e Trump para novo secretário-geral
-
4PALMEIRA DOS ÍNDIOS
Prefeita Luísa recém-diplomada herdará máquina pública inchada e desafios fiscais
-
5NATAL SEM FOME
Famílias ocupam supermercado para denunciar altos lucros com os alimentos