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Cardiologista do IDC cria técnica inédita para controlar hipertensão

27/04/2014
Cardiologista do IDC cria técnica inédita para controlar hipertensão
Edvaldo Xavier durante procedimento de ablação no Instituto de Doenças do Coração (IDC): são mais de duas mil em 16 anos

Edvaldo Xavier durante procedimento de ablação no Instituto de Doenças do Coração (IDC): são mais de duas mil em 16 anos

Uma técnica inédita, desenvolvida pelo cardiologista Edvaldo Xavier, coordenador do Centro de Tratamento de Arritmias Cardíacas do Instituto de Doenças do Coração (IDC), será publicada na próxima edição da revista Journal International of Cardiology, publicação internacional especializada em informações científicas sobre cardiologia.
Com o nome de Denervação Smpática Renal para o Controle da Hipertensão Arterial (DSRCH), a técnica é indicada para pacientes portadores de hipertensão arterial severa – quando o paciente não responde ao tratamento farmacológico convencional.
Ela já foi aplicada pelo cardiologista alagoano, com sucesso, em 12 pacientes desde junho do ano passado. “Realizamos esses procedimentos com absoluto sucesso e com excelentes resultados no controle da hipertensão arterial”, disse Xavier.
A técnica consiste na cauterização dos nervos do interior da artéria renal, que são os responsáveis pela manutenção dos níveis de pressão arterial elevados. Para isso, convencionalmente é utilizada uma bainha (termo médico usado para designar um tubo por onde se introduz um cateter – tubo fino e flexível – para cauterização e injeção de contraste) de menor espessura, pré-moldada.
Mas, segundo o cardiologista do IDC, essa bainha pode, em algumas situações, dificultar a realização do procedimento. E aí entra a nova técnica: com uso de uma bainha deflectível e mais grossa, Xavier descobriu maior facilidade no manuseio do cateter dentro da artéria renal, tornando mais seguro o procedimento de cauterização no nervo simpático.

Sequência de imagens mostra a técnica com uso do cateter deflectível alcançando o nervo simpático renal para ablação

Sequência de imagens mostra a técnica com uso do cateter deflectível alcançando o nervo simpático renal para ablação

O procedimento foi visto pelos cardiologistas Bruno Andrea e Mário Kiuchi, da Universidade Federal Fluminense (RJ), quando visitaram recentemente o Instituto de Doenças do Coração. De imediato, ambos se interessaram em conhecer a técnica e a levaram para a capital carioca, onde a estão aplicando em seus pacientes.
Entusiasmados, os dois produziram trabalho científico de apresentação internacional da técnica, em conjunto com Edvaldo Xavier mais outros quatro profissionais cariocas que trabalham na equipe da Universidade Federal Fluminense, e o apresentaram ao conselho editorial da Journal International of Cardiology. Após avaliação científica, o trabalho foi aprovado e encaminhado para a próximo edição.
O Centro de Tratamento de Arritmias Cardíacas do IDC é reconhecido como a unidade com maior experiência na área em todo o Norte-Nordeste. “Ao longo de 16 anos – disse Edvaldo Xavier – já realizamos, eu e nossa equipe, mais de 4.400 estudos eletrofisiológicos e cerca de 2.400 ablações”. Os números são, disparados, os mais avançados nas duas regiões e destacados em todo o país.
Ablação é um método de tratamento das arritmias cardíacas por meio da cauterização dos seus focos, localizados pelo estudo eletrofisiológico. Essa cauterização é realizada pela aplicação de energia de radiofreqüência (uma forma de energia semelhante ao bisturi elétrico), por meio de cateteres interligados a uma máquina especial.
O estudo eletrofisiológico consiste na introdução de cateteres em locais específicos do coração para descobrir e estudar os defeitos no sistema elétrico do coração. Além disso, o estudo eletrofisiológico é parte do procedimento de ablação por cateter, pois é através desse exame que é possível descobrir o local de origem da arritmia cardíaca.