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Göethe

Encontro-me em Weimar, pequena cidade da Alemanha Oriental, famosa por ter sediado a Assembléia Constituinte que implantou a República após a deposição de Kaiser Guilherme III, ao término da Primeira Guerra Mundial. É junho de 1992. É um belo dia de primavera. Os jardins do antigo palácio do Príncipe Carlos Augusto estão cobertos de flores. Ele convidara, em meados do século XVIII, Johann Wolfgang von Göethe, o consagrado autor da novela “As desventuras de Werther” para, na qualidade de Conselheiro, abrilhantar a corte com seu talento.
Procuro a casa de Göethe, hoje, transformada em museu. Viveu mais de cinqüenta anos em Saxe-Weimar, elevando-a à categoria de um dos santuários culturais do mundo. Dividia o seu tempo entre a poesia, longas viagens pelo continente europeu e a política. Aglutinou, em torno de si, um grupo de brilhantes homens e mulheres que, sob a sua direção, discutiam filosofia, dedicavam-se à poesia e brincavam de amor. O seu enorme talento ansiava por beleza. A versatilidade do seu espírito, levou-o à pintura e à música. Amante da paz, não existia nele a volúpia prussiana da conquista da guerra. Costumava afirmar: “Componho canções de amor porque tenho amado muito. Como poderei escrever contos de guerra sem nunca ter odiado?”
Abençoado pelos deuses, fisicamente bem apessoado, possuía um espírito perfeito num corpo perfeito. Foi admirado pelos homens e adorado pelas mulheres. Nascido em 1749, na cidade de Frankfurt, filho de pai bastante rico, fugia do tédio do estudo de leis, em Strassburgo, dedicando-se à literatura, teatros, festas e concertos. Aprendeu a tocar violoncelo e tornou-se um excelente esgrimista. Facilmente amava, facilmente esquecia. Transportava sua aventura amorosa para um poema inesquecível. Aos catorze anos apaixonou-se violentamente pela vez primeira. Aos setenta e quatro apaixonou-se pela última vez.
Reuniu todo o seu gênio para presentear a humanidade com sua obra-prima. Revela as imperfeições do homem. Oferece ao seu personagem tudo o que a vida lhe concedeu. Riqueza, poder, beleza, audácia, prestigio social, os prazeres do amor. Entretanto, tudo o que o Doutor Fausto empreende, de bom ou de mau, termina em fracasso. O seu caminhar é uma série de quedas. Os ardores e os desejos da mocidade são cinzas de paixões. O estranho é que no momento em que renuncia à felicidade, ele a encontra. Perdoado pela doce Margarida, a quem tanto infelicitara, juntos conquistam o paraíso. Confirma-se que a mulher é a eterna salvação do homem.
Recordo-me dos fatos marcantes dos oitenta e três anos de vida de Göethe, percorrendo as salas do casarão-museu onde, escrevendo seu poema épico, buscou concretizar a ilusão do sonho da eterna felicidade, na pessoa de Fausto. Muitos continuam vendendo suas almas ao Diabo. Sacrificam valores, degradam-se, transformam-se em trapos morais no percurso da enganosa caminhada. Esquecem que, cedo ou tarde, o bem sempre predomina sobre o mal. Esta foi a grande mensagem que Göethe legou à posteridade.
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