Cidades
Museu Xucurus símbolo da História de Palmeira dos Índios
O Museu Xucurus foi inaugurado em1971, construído dentro da Igreja do Rosário, em Palmeira dos Indios, a 140 km de Maceió; naquele mesmo ano, foi desativada a estrada de ferro que ligava Palmeira à Maceió, e outras cidades da região inclusive Quebrangulo, terra onde nasceu o celebre romancista Graciliano Ramos.
Assim como outras cidades do interior nordestino, a Princesa do Sertão, como Palmeira é conhecida, viu a história cortada pelos trilhos ficar para trás. O rastro do período que despontou nos anos 30, no entanto, permaneceu. É justamente o carro de uma locomotiva francesa quem dá as boas vindas ao visitante na Praça Nossa Senhora do Rosário. Mas é entrar na igreja o visitante percebe que o passado palmeirense vai além da ferrovia.
Tomando emprestada a expressão do poeta João Cabral de Melo Neto, o Museu Xucurus é um “museu de tudo”. Apesar do nome (em homenagem aos primeiros habitantes do lugar), não é indígena, tampouco colonial, arqueológico ou fotográfico. E é tudo isso junto também. Algumas funcionárias o definem como um “museu de artes regionais”. Mas o que há é um conjunto de bens representativos da população local e nordestina. São objetos de toda sorte, doados pelo povo – mais de dois mil itens.
Imagens barroco, baú, oratório, louça, máquina registradora, armas da Segunda Guerra Mundial, a metralhadora que pertenceu ao ex-prefeito e ex-deputado Robson Mendes, ferro a brasa, Tem até um celular . A cada passo, uma surpresa. Em uma das vitrines da parte sacra, chama atenção uma jaqueta branca manchada de sangue.
Uma das peças do museu é o sino da capela do povoado Meirus, em Pão de Açúcar, que foi derrubado a bala por Virgulino Ferreira, o “Lampião”. Outra peça é a batina usada pelo ator palmeirense, Jofre Soares, no seriado padre Cícero da Rede Globo de Televisão.
Foi a veste usada por Antônio Fernandes de Amorim, franciscano da vizinha Quebrangulo (AL), quando foi assassinado (1954). O crime, como inúmeros em Alagoas, teve motivação política. O próprio museu mostra, por exemplo, objetos do ex-prefeito Lauro de Almeida, morto em praça pública por um rival em 1926.
No primeiro andar da igreja, é possível encontrar utensílios da etnia Xucuru Cariri, como igaçabas de barro (urna funerária), cachimbos e até pedras de demarcação do território indígena. Os escravos são lembrados pelo que sofreram. No segundo andar do museu, nos deparamos com um manequim negro, cujo peito tem estampado o letreiro “Ladrão e fujão”. Vemos ainda instrumentos de tortura e uma liteira, usada para carregar as senhoras brancas pelos escravos. No museu, existe até a cama “menor homem do mundo”, um palmeirense que tinha 94 cm e viveu 24 anos (1943-1967).
Com tanta coisa à mostra, fica difícil avistarmos um espaço vazio. É tanto que virou quase unanimidade, em Palmeira dos Índios, o desejo de desmembrar o museu em outros, com o mesmo acervo. “A igreja, por si só, é um museu. Foi construída pelos escravos, no início do século XIX. Seria mais do que justo que fosse um museu de arte sacra”, opina o intelectual e psicólogo Jorge Vieira – que prefere a expressão “palmeirindiense” para designar a sua naturalidade.
Por causa da coleção extensa e curiosa, dizem que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) já chegou a considerá-lo o segundo mais importante do Nordeste.
Com título ou não, tornou-se referência de patrimônio e memória na cidade e é visitado mensalmente por cerca estudanres pesquisadores e jornalistas. “O museu tem uma importância enorme. Retrata a história de Palmeira dos Índios o perfil do Sertão nordestino. Vemos o cangaço, o negro, a imposição religiosa, o índio e a vida social e os paramentos do bispo Dom Otávio Aguiar.
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