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Cícero Ferro depõe em júri e conta detalhes sobre emboscadas em 2004

26/02/2014
Cícero Ferro depõe em júri e conta detalhes sobre emboscadas em 2004

  ciceroferr1  O ex-deputado Cícero Ferro foi o primeiro a depor no júri popular dos cinco acusados de tentar matar ele e o motorista José Maria Ferro, que acontece, na manhã desta quarta-feira (26), no Tribunal do Júri do Fórum de Maceió. Ele reafirmou que os cinco réus foram responsáveis por duas emboscadas que sofreu em janeiro de 2004.
O julgamento de Waldex Macêdo Cardoso Ferro, Wagner Macêdo Cardoso Ferro, Wanderley Macêdo Cardoso Ferro, Jackson Cardoso Ferro e o pecuarista José Ilton Cardoso Ferro, mais conhecido por “Zé Nilton”, teve início na manhã desta quarta-feira (26), sob forte esquema de segurança. Destes, apenas o Jackson não está presente no tribunal, pois sofreu um acidente e não pôde comparecer.
Cícero Ferro foi questionado se preferia que os acusados saíssem da sala, mas disse que não. Cícero Ferro afirmou que os acusados foram responsáveis pelo atentado. Ele disse que saáa da fazenda da família em seu veículo com o motorista quando foi interceptado pelo Zé Nilton, Wanderley, Waldek e outras três pessoas.

    Emboscadas

“Os seis estavam atirando contra nosso carro. Então, o José Maria me avisou que havia uma pistola dentro do carro, aí eu peguei para me defender e atirei não sei para onde”, disse.
O ex-deputado disse que, em meio aos disparos, falou para o motorista seguir com o carro e que foi perseguido pelos acusados, que atolaram o carro. “Eles atiraram com todo tipo de arma. Eu já estava ferido na testa, no maxilar, perna e braço. Uma bala permanece no meu corpo até hoje”, falou. Ele disse que depois de conseguir escapar, foi interceptado por outro carro com quatro pessoas, uma delas seria o Jackson.
“Eles vieram para cima de mim novamente atirando e fecharam meu carro. Batemos no carro deles e continuaram nos seguindo até a entrada da minha fazenda para terminar de me matar. Eles não entraram na minha chácara, mas ainda deram uns tiros em uma casa na entrada. Eu entrei muito ferido. Foi Deus que me protegeu para me livrar de um grupo de bandidos desses”, ressaltou.
Ele contou que pediu escolta policial para deixar a cidade para receber atendimento em um hospital em Palmeira dos Índios e depois foi transferido para Maceió. “Passei dezenove dias internado e mais de 60 em casa para me recuperar”, falou.

 Motivação

foto1111  Ferro disse desconhecer o motivo do atentado. “Acho que pode ter sido porque o presidente do PFL em Alagoas me deu a direção do partido em Minador do Negrão. Zé Nilton pertencia a esse partido e a direção ficou comigo. Não vejo isso como motivo, mas como nunca tive desavença com nenhum deles, acho que pode ter sido esse problema”, observou.
Ferro disse que acredita na premeditação do crime. “Às cinco horas da manhã não teria porque haver aquele encontro na estrada. Também fiquei sabendo que eles estavam com galões de gasolina para me queimar em praça pública. Não tenho dúvidas que foram eles. E fizeram isso e depois ficaram na praça, na frente de todos. Ele e os filhos queriam mostrar que eram valentes”, disse.
Questionado sobre a morte do primo Jacó, pai do réu Jackson, assassinado após o atentado, ele negou qualquer envolvimento.
Durante o depoimento, a filha de Jacó se manifestou “mentira, foi ele que matou meu pai”. O juiz mandou que ela se retirasse e informou aos presentes que qualquer um que se manifestasse novamente serria detido. O advogado Welton Roberto, assistente de acusação, pediu para que a manifestação seja registrada em ata.

Família dividida

O caso do atentado deixou a família Ferro, que já apresentava um histórico de rixa política, dividida. A filha de Cícero Ferro, a arquiteta Thacianny Ferro, disse que a família de réus e vítimas perderam o contato após o crime. Ao afirmar que tem certeza da culpa dos acusados, ela falou que espera por justiça para o caso.
“Hoje os familiares se respeitam, mas jamais vamos conviver com esses monstros. O que me assustou nos autos foi a alegação de que houve um confronto, mas isso não aconteceu. Eles tentaram matar o meu pai, que sobreviveu por milagre”, falou.
O Júri Popular acontece no Tribunal do Júri do Fórum de Maceió e é presidido pelo juiz Geraldo Cavalcante Amorim, titular da 9ª Vara Criminal da Capital. Antes de fazer a seleção dos jurados, ele alertou aos presentes sobre o forte esquema de segurança montado para o julgamento. Policiais do Bope fazem revista de todos que entram no tribunal.
“Não vamos permitir a entrada de seguranças que não estão de serviço. Também não vou aceitar qualquer forma de coação. Dei a garantia que a integridade de todos será preservada e esse magistrado não será intimidado. Esse reforço na segurança aconteceu a pedido das vítimas e réus”, ressaltou Amorim.
Todos os acusados têm algum parentesco com o ex-deputado. Zé Nilton é primo de Cícero Ferro, e pai de Waldex, Wagner e Wanderley. O acusado Jackson é sobrinho do pecuarista. Familiares das vítimas e acusados se dividem no Tribunal do Júri para acompanhar o caso. Alguns estão com camisas com frases de apoio a vítimas e outros aos acusados.
O advogado de defesa, Raimundo Palmeira disse que a tese de tentativa de homicídio será derrubada durante o julgamento. “Vamos provar que essa quantidade de tiros que afirma que o carro do Cícero Ferro foi alvejado não procede”, disse.