Política
Permanência de Teo abre espaço para Renan formar ampla coalizão
A permanência de Teotonio Vilela no governo de Alagoas até o final de seu mandato (em dezembro) causou surpresa nas hostes governistas que davam como certa a sua saída em abril para se candidatar ao senado da República.
“Decidi ficar no Governo até o final do meu mandato para ampliar as nossas conquistas, principalmente nas áreas de segurança, educação e saúde. Esse é um compromisso de fé que tenho com os alagoanos”, foram as palavras do governador Teotonio Vilela Filho.
Contudo sua decisão – corretíssima, diga-se de passagem – pode abrir um leque de alianças para o Presidente do Congresso Nacional Renan Calheiros, possível candidato ao governo, que tem em torno de seu nome a simpatia de situacionistas e oposicionistas. É o único nome do PMDB que possui essa vantagem, agradando a “gregos e troianos”. Nem seu filho, o deputado-federal Renan Filho (PMDB) consegue agregar tanta gente como o pai.
O governador na entrevista à imprensa ressaltou seu otimismo e disposição para trabalhar pelos alagoanos.
“Estou otimista como nunca estive em um início de ano, com muita vontade, confiança e disposição para cumprir com meus compromissos e com o meu dever. Para fazer esse Estado ser admirado por nós mesmo e pela sociedade brasileira”, afirmou.
Segundo Teotonio, o maior legado da sua gestão é a quebra de paradigma na forma de governar. “Há uma revolução silenciosa acontecendo em Alagoas. Uma mudança profunda e transformadora para a vida dos alagoanos. São ações inéditas de um Governo que tem um projeto de Estado, com investimentos para os próximos 20 anos”, afirmou.
Teotonio falou também de sua trajetória política, das conquistas realizadas na sociedade brasileira enquanto cumpria os seus três mandatos de senador e dois como governador do Estado. “Quando fui convocado para governar Alagoas, decidi que precisávamos trazer para cá as vitórias e os ganhos que o Brasil já havia conseguido. Passei a pensar o Estado além de um governo. Esse vai ser o ano mais importante dos meus dois mandatos”, afirmou.
Três mandatos de senador e dois no governo de Alagoas, Teotonio foi durante cinco anos presidente nacional do PSDB.
O anúncio não quer dizer também que Teotonio se “aposentará”. Existe a possibilidade do governador ao término do mandato assumir o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União, hipótese já ventilada nesta Tribuna do Sertão e na imprensa local anteriormente.
Esquerda contesta
Para integrantes da esquerda alagoana a desistência do governador Téo Vilela aconteceu mais como uma imposição de uma situação clássica: se correr o bicho pega; se ficar o bicho come.
Para membros do PT o “maior problema da candidatura de Téo Vilela residia no seu vice-governador, que assumiria, em março, o governo com declarada intenção de se manter lá por mais quatro anos, além dos desgastes do governo também devem ter aparecido nas pesquisas do Palácio República dos Palmares”.
Outro problema que deve ter influenciado na decisão, é a falta de um projeto nacional mais consistente do tucanato, que vive batendo cabeça entre Aécio Neves e Eduardo Campos.
Mas, fundamentalmente, Téo avaliou que essa dobradinha, com José Thomaz Nonô candidato ao governo, e ele como candidato ao Senado, terminaria num abraço de afogado.
Facilitaria a vida de Renan (pai ou filho) e Biu de Lira, além dos candidatos ao Senado, Collor e Heloisa Helena. Como não conseguiu convencer Nonô a apoiar outro candidato ao governo, Vilela mandou o recado: — Diga ao Nonô que fico!
Preferiu ficar para ter mais poder no processo sucessório e garantir espaços futuros. Qualquer que seja o projeto vencedor.
No frigir dos ovos, Renan é o vitorioso na permanência de Teotonio, pois pode realizar o sonho de ser uma espécie de candidato único em outubro, isto é, sem concorrentes à altura.
Cartas na manga
Após o anúncio da permanência de Teotonio, setores que compõe o governo resolveram lançar pré-candidaturas a exemplo do Democratas que lançou o vice-governador José Tomás Nonô, o PSB que lançou o deputado-federal Alexandre Toledo e o PP que prepara o anúncio do senador Benedito de Lira. Essa fragmentação pode ser uma tentativa de se arranjar espaço no palanque majoritário de Renan, que agora está muito cobiçado.
Além disso o governador promoveu uma minirreforma em seu secretariado o que causou dúvidas nos bastidores políticos quanto à sua preferência eleitoral em outubro, pois o PSDB poderia apostar em um nome novo para a disputa como é o caso de Marco Fireman (tocador de obras do atual governo) e Luiz Otávio Gomes (o secretário que mais atraiu investimentos e indústrias para o Estado nos últimos anos) e até mesmo indicá-los como candidatos a vice de Renan, já que Teotonio afirmou manter uma boa relação com o senador peemedebista e não descartou seu nome do jogo eleitoral de outubro.
Fragmentação dá consistência à Renan
Com o bloco governista se dividindo em quatro grupos diferentes PSB, DEM, PP e PSDB, o caminho para o senador peemedebista realizar o velho sonho (que lhe foi tirado sorrateiramente 1990) de chegar ao hoje Palácio Zumbi dos Palmares parece ser mais fácil, pois Renan (pai) é o único político atualmente em Alagoas com densidade eleitoral para disputar o pleito e além disso conta com o apoio de toda a esquerda expressiva alagoana a exemplo do ex-governador Ronaldo Lessa e também do senador Fernando Collor que lidera as últimas pesquisas de opinião publicadas na imprensa em 2013.
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