Política
Oposição mostra força política durante confraternização
Mais de 600 pessoas, entre presidentes de partidos, deputados, vereadores, prefeitos, vice-prefeitos e os senadores Fernando Collor e Renan Calheiros participaram, no final da manhã desta segunda-feira, de um almoço de confraternização de representações políticas que constituem a oposição ao governo de Alagoas e atuam na base de sustentação ao governo Dilma Rousseff.
O encontro, articulado pelo presidente do PDT, ex-governador Ronaldo Lessa, reuniu 17 partidos políticos – PDT, PTB, PT, PC do B, PMDB, PRTB, PT do B, PRB, PV, SDD, PHS, PPL, PSD, PMN, PTC, PEN, PSL e PSDC – e resultou no lançamento do manifesto coletivo ‘Em Defesa de Alagoas’, onde os partidos assumem o compromisso de se unir diante do quadro crítico em que o Estado se encontra – com índices alarmantes de violência e os piores indicadores sociais do país.
De acordo com o anfitrião, a ideia é aglutinar forças por Alagoas. “Nosso objetivo, com essa confraternização, foi reunir pessoas e partidos que estão no mesmo campo – de oposição a esse caos generalizado que se estabeleceu em Alagoas. Queremos mostrar que somos capazes de mudar. Lógico que, se a partir daqui, avançarmos para a unidade no processo eleitoral, será ótimo, mas este não é o foco no momento”, disse Ronaldo Lessa.
Na avaliação do deputado federal Renan Filho (PMDB), o que promoveu o grande encontro foi a indignação do povo alagoano com o avanço da violência que afeta Alagoas e com os indicadores sociais, que têm levado a população a não mais confiar no governante do Estado. “O PMDB está incluído nessa força, ao lado de outros partidos, para que se inicie, a partir de hoje, um projeto com soluções para Alagoas”, disse ele, pouco antes da chegada do seu pai, Renan Calheiros, que também marcou presença.
“Esse encontro representa a nossa luta para alavancar o estado de Alagoas dessa situação em que se encontra e reverter esse quadro lamentável, de indicadores perversos, que os alagoanos não merecem”, disse o ex-prefeito Cícero Almeida (PRTB).
“É uma reunião de forças políticas. E o PT está presente na caminhada para que Alagoas volte aos trilhos da política e da dignidade do povo alagoano”, complementou o deputado federal Paulo Fernando (PT).
O foco do encontro, na avaliação do senador Fernando Collor (PTB), foi unir forças para promover mudanças em favor do povo alagoano. “Estamos, aqui, estabelecendo um pacto de mudança; mudanças que Alagoas precisa, urgentemente. E para isto, é preciso ter alguém no palácio (do governo alagoano) saído da hoste da oposição, comprometido com as causas sociais e alinhado com o governo da presidenta Dilma, para mudar esse quadro lamentável em se encontra nosso Estado”, disse o senador.
E criticando o governador, que tem tratado como ‘terrorismo’ da imprensa e da oposição, as notícias sobre a violência em Alagoas, Collor rebateu: “Os indicadores sociais de Alagoas não são terrorismo da oposição. Eles são reais. Os dados são oficiais. Alagoas tornou-se o Estado mais violento do país; desceu ao pior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb); é detentor da maior taxa de analfabetismo em todos os níveis. Então, se existe terrorista, está instalado no palácio do governo”, concluiu o senador, antes de ler o manifesto assinado pelos partidos.
Leia o manifesto
Em Defesa de Alagoas
Os partidos políticos aqui reunidos assumem a necessária tarefa de sair em defesa da nossa Alagoas, nesse quadro de incerteza diante da violência que aterroriza a todos pela incompetência administrativa de um governo que opta por campanhas publicitárias fantasiosas, em vez de enfrentar os corredores de hospitais congestionados e a dor das famílias de filhos sem escolas, sem esporte, que perderam o ano letivo e ficaram à mercê do tráfico que corrói nossa terra.
Alagoas é hoje o Estado mais violento do Brasil. Assistimos abismados às mortes de jovens, negros e mulheres, diariamente. Tudo isso motivou uma ação emergencial do governo federal e a implantação do Plano Brasil Mais Seguro em 2012. Mais de R$ 200 milhões enviados pela União para combater a violência, resultaram em praticamente nada. Pelo contrário, o número de assassinatos aumentou, o aparato policial, que nos remete ao efetivo de 1992, acabou sucateado e os militares, em número reduzido, sem condições de trabalho, paralisaram momentaneamente as atividades, denunciando a morte da segurança pública e a prevaricação daquele que se diz gestor e não faz sua parte.
Dinheiro parece não ser o problema desse governo. Uma sucessão de empréstimos milionários deveria garantir a governabilidade, caso os recursos tivessem sido aplicados realmente em benefício da população. Mas tal não se deu e os alagoanos questionam acerca da destinação desses recursos. O governo federal estendeu as mãos, mas o governo estadual cruzou os braços. Não só não minimizou o déficit social, como nos mergulhou em dívidas. Esse governo entra para a história como aquele que mais endividou o Estado.
O governador não explica, cala. Como cala quando é questionado sobre as escolas e os hospitais fechados. Alardeia, por outro lado, um desenvolvimentismo que só existe nas reuniões de gabinete e nos jingles midiáticos.
Mas não podemos nos abater frente aos desmandos. Cada um de nós tem o dever cívico, democrático, de se insurgir, de protestar, de lutar contra essa elite que não cuidou dos alagoanos. Cada cidadão tem hoje, alimentando a alma, um desejo de mudança, de esperança. Que venha o futuro. Vamos construí-lo juntos.
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