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Prisão de assessor Luiz Ferro pode escancarar as irregularidades na gestão de James Ribeiro

26/07/2012
O favorecimento na entrega de imóveis do “Programa Minha Casa, Minha vida” do governo federal no Conjunto Habitacional Edval Vieira Gaia, popularmente conhecido por “casinhas” – que era fato público e notório em Palmeira dos Índios, já que se comentava abertamente nas ruas da cidade a transação ilegal realizada por assessores do prefeito James Ribeiro (PSDB), foi coibido de maneira exemplar na última sexta-feira, 20, numa operação conjunta das Polícias Militar (PM) e Federal (PF).
A operação – a primeira desta eleição em Alagoas – resultou na prisão de Luiz Costa de Araújo “Ferro”, o “Luiz da Oficina”, de 45 anos, ex-secretário executivo especial do gabinete do Prefeito James Ribeiro (cargo exercido até o último dia 7 de julho), candidato a vereador pelo PSDB no município de Palmeira dos Índios.
Ele é acusado de corrupção eleitoral por prometer a eleitores casas do programa Minha Casa, Minha Vida em troca de votos. Luiz Costa Araújo, que adotou recentemente o sobrenome “Ferro” foi preso em flagrante em casa, na Rua Getúlio Vargas, no bairro de São Cristóvão, onde policiais cumpriram mandado de busca e apreensão expedido pelo juiz Eleitoral da 10ª Zona Eleitoral, Sandro Augusto dos Santos.
No local do flagrante, segundo as assessorias de comunicação das corporações policiais, foram encontrados cadastros com nomes de eleitores, documentos timbrados da Prefeitura Municipal de Palmeira dos Índios e fichas de cadastros de inscrição do programa habitacional, inclusive citando o uso de outro Programa do governo federal, o Bolsa Família.
Também foram extraídos arquivos de mídia de um computador encontrado na residência, nos quais constam a relação de famílias cadastradas nos conjuntos residenciais Josmário Silva e João XXIII (ainda não construídos, mas que foram realizados recentemente o cadastro para adesão) e uma relação de nomes acompanhados da nota “compareceram a reunião”.
Foram recolhidos ainda materiais de campanha do candidato e cartões de apresentação de Luiz Costa de Araújo Ferro, como “Secretário Executivo Especial de Gabinete de Governo Municipal de Palmeira dos Índios”.
As investigações são coordenadas pelo delegado Polybio Brandão Rocha e apontam que o candidato se aproveitava da condição de ex-coordenador do Minha Casa, Minha Vida no município para obter vantagens nas eleições deste ano. Ele estaria orientando eleitores a comparecer à sua residência com os respectivos títulos eleitorais para trocar os votos pelas casas.
O candidato e o material apreendido foram encaminhados à sede da PF, no bairro de Jaraguá, em Maceió. Luiz Costa de Araújo “Ferro” vai responder por compra de votos, segundo o artigo 299 do Código Eleitoral brasileiro, cuja pena pode chegar a quatro anos de reclusão. À noite, Luiz Costa de Araújo , após prestar depoimento pagou fiança de R$6 mil e foi liberado.
Uma mulher de nome Rosineide Silva, que estava com ele, identificada como sua funcionária, pagou fiança de dois salários mínimos para também ser liberada.
O candidato ainda não deu declarações à imprensa sobre sua prisão. Na casa dele, as equipes da PF encontraram documentos oficiais da prefeitura e cerca de 800 cadastros – o que caracteriza o crime eleitoral.
Procurado pela reportagem o acusado não foi encontrado para se pronunciar.

Imoralidade
As denúncias contra a administração de James Ribeiro (que está processado pelo escândalo das sanguessugas em Mato Grosso) e seus assessores mais diretos pipocam todos os dias na pauta das rodas políticas da cidade e consequentemente na imprensa. A imprensa local há meses vem alertando a população das irregularidades cometidas na gestão de James Ribeiro. Com o período eleitoral outras denúncias virão à tona, o que poderá deixar o prefeito palmeirense em pior situação do que se encontra hoje.

Incompetência
A população atualmente ressente-se de um prefeito competente para gerir os destinos da cidade. O escândalo do uso do programa “Minha casa, minha vida” em Palmeira dos Índios, identificado a tempo (antes da eleição) pela Polícia Federal é um exemplo de como anda a gestão da prefeitura palmeirense.
O assessor Luiz “Ferro” fatalmente deve ter negado à PF a participação direta do prefeito – com medo de mais represálias – contudo, se o prefeito efetivamente não participasse do crime de favorecimento ilícito e abuso de poder, demonstra com total nitidez sua omissão e incompetência no caso e no trato com a coisa pública. Mas a evidência do abuso do poder político e econômico, aliado ao uso descarado da máquina pública, onde um ex-assessor (que se desincompatibilizou para se candidatar em 5 de julho) ainda permanecia, mesmo passado 15 dias de sua exoneração – no dia 20 de julho com documentos públicos em sua residência, um sinal claro, de que existe irregularidades sim, em sua gestão.
Palmeira e sua população não pode mais suportar tamanha desfarçatez e imoralidade.