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Projeto promove transformação na vida de jovens alagoanos

19/07/2012

Reverter a violência infantil em oportunidades, e resgatar a dignidade de 56 meninos e meninas, com idade entre 16 e 21 anos, é a nova proposta do Sebrae Alagoas, ao assinar o termo de cooperação mútua do projeto Vira Vida, durante a aula inaugural, realizada nesta quinta-feira (19), na Casa da Indústria.

Mais que fomentar o empreendedorismo e promover a competitividade e o desenvolvimento das micro e pequenas empresas, a instituição agora colabora também com um programa sócio educativo que proporciona o resgate dos direitos fundamentais de jovens, por meio da educação continuada, atendimento psicossocial e formação profissional.

Apesar dos 22 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), declarando em seu Art.1º uma lei que prevê a proteção integral dos jovens, Alagoas ostenta o primeiro lugar no ranking da violência contra crianças e adolescentes em todo Brasil, sendo Maceió a cidade mais violenta, e Rio Largo, em 11º lugar.

“O Projeto Vira Vida é mais que um programa educativo, é um resgate social, proporcionando a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho”, registrou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), José Carlos Lyra.

Esperança

Para a participante Ana Luísa da Silva, de 17 anos, desde que iniciou no projeto, em abril deste ano, muitas mudanças na sua vida já podem ser notadas. “Eu era muito tímida e aqui comecei a mostrar os talentos que eu tenho, e que antes eu guardava dentro de mim. Estou cursando o ensino médio no Ensino para Jovens e Adultos (EJA) e fazendo o curso de assistente administrativo. Minha rotina é das 7h20 às 18h50 somente investindo na minha educação”, comemora Ana.

Ao ser questionada sobre seus sonhos e planos para o futuro, a jovem que ajudava a mãe nos afazeres domésticos e estudava à noite, projeta ser escritora e proporcionar aos seus dois irmãos e sua mãe uma melhoria de vida. “Com o Vira Vida, eu vejo Deus trabalhando em mim e em meus colegas. Foi uma benção ser escolhida no meio de tanta gente. Agora, quero terminar meu estudo, prestar vestibular para psicologia e me dedicar ainda mais para arranjar um bom emprego, com bom salário”, declara Ana.

Se a semente foi plantada? O presidente do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria (Sesi) e idealizador do Projeto Vira Vida, Jair Meneguelli, acredita que sim, já que bons exemplos podem ser vistos em outros estados. “Adriana, da Bahia, prestou o curso de auxiliar de cabeleireiro e irá participar da etapa nacional da Olimpíada do Conhecimento; e Cristina, de Natal, que apesar da mãe viver dizendo que ela não iria servir para nada, se tornou proprietária de um salão de beleza e colocou aquela mãe que criticava, como sua primeira funcionária”, registra Jair Meneguelli.

Durante sua apresentação aos jovens, ele relembra que essa é a hora de recuperar todo o tempo perdido, mas que é preciso esforço, porque nada cai do céu. “Vocês são 80% responsáveis pela mudança. Se tiverem que acreditar em alguém, acreditem em vocês mesmos”, afirma Jair.

Vira Vida

O Projeto Vira Vida já é desenvolvido em 20 estados brasileiros, com jovens que sofreram alguma violência ou se encontram em situação de vulnerabilidade social. Até 2012, a meta é atingir todas as regiões do Brasil, oferecendo fardamento, bolsa de estudos e as três refeições principais, a fim de promover a elevação da autoestima e da escolaridade dos adolescentes participantes, para que desvendem o próprio potencial e conquistem autonomia.

O Sebrae Alagoas já realizou duas turmas do curso Crescendo e Empreendendo, a fim de estimular a criatividade e o espírito empreendedor; e ainda estão previstos os cursos Atendimento ao Cliente e Juntos Somos Fortes, promovendo noções de cooperativismo, associativismo e liderança.

“É impressionante conhecer esses meninos e meninas, e enxergar neles uma perspectiva positiva para o futuro. Realmente, somente com o incentivo à educação básica e profissionalizante será possível reduzir os índices de violência e exclusão social”, destaca a diretora técnica do Sebrae Alagoas, Renata Fonseca, acrescentando a importância de proteger a juventude, seja através da educação ou denunciando casos de exploração e abusos.

Estatísticas

Até 2011, o Disque 100, número para denúncia de violência infanto-juvenil, já realizou 2,7 milhões de atendimentos e encaminhou 164.581 denúncias em todo o país. Entre 2003 e março de 2011, somente 52 mil denúncias foram de abuso e exploração comercial. E oito em cada dez vítimas foram meninas.

De janeiro a maio de 2011, Alagoas registrou cerca de mil casos de violência sexual. Somente estupros, 39 deles foram cometidos por familiares das vítimas, e apenas quatro por desconhecidos.