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Palmeira dos Índios agoniza na Saúde

17/04/2012

O alerta do SINMED na última semana desencadeou uma verdadeira grita da população em relação a saúde do município. Com o título “Palmeira deve ficar sem PSF”, o SINMED publicou em sua coluna semanal num jornal da capital que “de nada adiantaram as tentativas de negociação do Sinmed com os gestores de Palmeira dos Índios. A manhã da última quinta-feira (5) foi de uma inútil espera pelo retorno de mais uma proposta apresentada à Secretaria Municipal de Saúde. O prazo para que o gestor se posicionasse expirou sem que houvesse qualquer contato nem mesmo para pedir um adiamento quanto à decisão dos médicos de deixarem o PSF do município”.

A nota disse ainda que “três médicos do PSF de Palmeira dos Índios já se afastaram definitivamente das atividades, caminho que deverá ser seguido, a partir de amanhã, pelos médicos remanescentes que ainda atuam no programa. Caso a decisão dos médicos se confirme, Palmeira dos Índios ficará sem equipes do PSF”.
A população quando soube da publicação, através das redes sociais e de emissoras de rádios se revoltou, porque sabe que mensalmente chega religiosamente os recursos à prefeitura e que outros municípios já fizeram o ajuste com os profissionais. Além destes enfermeiros estão em greve, USF’S fechadas, a UPA há 8 meses está pronta e sem inauguração, as obras do PAM inacabadas e o hospital Santa Rita sofrendo retaliação financeira com cortes de recursos que impedem de pagar os funcionários. E para finalizar o caos a cidade está envolta em uma epidemia de dengue: eis o retrato da área de saúde em Palmeira dos Índios.

Hospital em crise há muito tempo

Ninguém afirma oficialmente. Pelo menos, por enquanto. Contudo o Hospital Santa Rita, administra uma dívida de mais de R$800 mil Reais com fornecedores, entre outras prestações de serviço, segundo revelou fontes da entidade. Sabe-se que o hospital é um dos maiores do Estado e vive uma grave crise financeira. Além dessa dívida monstruosa, a unidade de emergência que socorre os cidadãos pode fechar a qualquer momento. Na cidade não existe outro lugar para socorro.
Os postos de saúde, não funcionam na prática e o lugar mais próximo para esse tipo de procedimento é a cidade de Arapiraca.
Além disso, vale dizer que em Santana do Ipanema, o Hospital Clodolfo Rodrigues, recém-inaugurado, vive situação totalmente diferente e já se torna referência hospitalar na região e isso influi diretamente no hospital de Palmeira dos Índios, porque com o funcionamento do hospital de Santana do Ipanema, o fluxo de pacientes de cidades vizinhas a Palmeira dos Índios iria diminuir, o que permitiria um trabalho menos intenso dos profissionais do Santa Rita, mas nem por isso a situação do hospital ficou melhor.
O Hospital Santa Rita que é dirigido por uma entidade filantrópica há quase 50 anos – a Sociedade Beneficente de Palmeira dos Índios – contratou na atual gestão, uma empresa de São Paulo para tentar gerir suas contas, no entanto, parece que a “emenda saiu pior do que o soneto”, haja vista a denúncia de pacientes que procuram o hospital, até então a referência médica da região – que reclamam da falta de estrutura da entidade, inclusive com mau atendimento dos profissionais que ali trabalham.

UPA: oito meses fechada

Palmeira dos Índios ganhou um reforço para a área de saúde ano passado. Tratava-se da Unidade de Pronto Atendimento, a UPA, que tem o objetivo de mudar a qualidade da prestação de serviços de urgência e emergência no município.
A cidade que já possuia o Hospital Santa Rita como referência, além das unidades de PSF’s, teria o aval da manutenção da prestação dos serviços e garantiria o salto de qualidade
que os palmeirenses e aqueles que necessitam da prestação de serviço de saúde sonhavam.
Porém, o sonho virou pesadelo: o município que está incluído entre os 48 do país com índice de epidemia por causa da dengue, assiste ainda o drama do hospital Santa Rita que passa por uma de suas piores crises, correndo o risco de fechar; os PSF’s em sua maioria estão com as portas cerradas pois não existem médicos e a UPA, concluída há oito meses – não tem previsão para funcionamento. Situada no bairro de Vila Maria, um dos mais populosos do município, a UPA espera há mais de oito meses sua inauguração. O prédio moderno foi erguido num bairro onde a maioria das ruas reflete a falta de zelo da administração local.
Vias de barro, falta de saneamento e até animais caminhando livres pelas ruas, perfaz o retrato do local.

Epidemia de dengue

Quatorze dos 102 municípios de Alagoas estão em situação epidêmica (300 casos notificados por 100 mil habitantes) por causa da dengue. E um deles é Palmeira dos Índios.
Desses casos, 133 são suspeitos de Dengue Hemorrágica, a forma mais grave da doença.
Comparado a 2011, é um aumento de 82%. Cinco óbitos foram registrados mas apenas um foi confirmado e outro, descartado, informa o boletim da Secretaria de Estado da Saúde (SESAU).
O Aedes aegypti infesta 100% dos municípios alagoanos, onde circulam os sorotipos DENV-1, DENV-2 e DENV-3 (introduzidos respectivamente em 1986, 1991 e 2002). No último dia 16 de março de 2012, o LACENAL, isolou o DENV-4 nos municípios de Palmeira dos Índios e Piaçabuçu, um vírus agressivo e que causa a morte imediata. Com relação ao índice de
infestação predial, Alagoas apresenta-se com a seguinte classificação de risco: 23 municípios em situação de risco de surto, 43 em situação de alerta e 36 em situação satisfatória.

Polícia Federal investiga desvios de recursos da saúde

A Polícia Federal instaurou 3 inquéritos no último dia 21 de março para apurar o desvio de verbas no programa de tratamento do glaucoma pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no estado de Alagoas. Os inquéritos tiveram início a pedido do Ministério Público Federal (MPF), que recebeu relatórios produzidos pelo Ministério da Saúde. No documento, foi comprovada a cobrança indevida de consultas em clínicas. Em Palmeira dos Índios, o Instituto de Olhos Manoel Vieira da Silva e Pro Visão são investigadas.