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Arqueólogos descobrem fornos de 2,8 mil anos e revelam segredos da Idade do Ferro no Iraque
Oficinas de cerâmica bem preservadas mostram avanços tecnológicos e organização social na antiga região de Zagros.
Arqueólogos no Iraque reconstruíram as técnicas de fabricação de cerâmica empregadas em um centro urbano da Idade do Ferro há mais de 2.800 anos, conforme divulgado pela revista Archaeology News.
As escavações revelaram uma oficina de cerâmica notavelmente bem preservada, permitindo o acompanhamento de todas as etapas do processo produtivo, desde a argila bruta e o combustível até os fornos e os produtos acabados.

"A oficina [...] data de cerca de 1200 a 800 a.C. Nesse povoado, que hoje figura entre os sítios da Idade do Ferro mais extensivamente escavados na região de Zagros, foram descobertos dois fornos, além de densos depósitos de resíduos de produção e camadas sedimentares intactas", destaca a publicação.
Diferentemente de pesquisas anteriores, que focavam apenas na cerâmica, este estudo deu ênfase também às instalações de queima, proporcionando uma visão mais abrangente da pirotecnologia antiga.
A equipe interdisciplinar analisou fragmentos de cerâmica, revestimentos de fornos, argilas locais e resíduos de queima por meio de métodos mineralógicos, microscópicos e análises de solo, a fim de determinar a construção dos fornos, os combustíveis utilizados, as temperaturas de queima e o histórico de uso das estruturas.
Os ceramistas utilizavam fornos simples de tiragem ascendente, com queima em baixas temperaturas, abaixo de 900 °C, sob condições oxidativas, com taxas de aquecimento lentas e duração curta, frequentemente combinando vasos de diferentes formas e funções em uma mesma queima.
Apesar das diferenças de forma e acabamento, relacionadas aos usos pretendidos, os vasos compartilhavam uma estrutura tecnológica unificada, baseada em um sistema modular de etapas iniciais de fabricação flexíveis, que convergiam para uma queima padronizada.

Essa estrutura incluía técnicas persistentes, como o enrolamento em roda e o polimento, que continuaram a ser empregadas ao longo da Idade do Ferro.
A produção não se limitava a um único local. Pesquisas geofísicas revelaram a existência de uma rede de oficinas distribuídas por todo o complexo, voltadas ao atendimento das necessidades da comunidade ou mesmo da região.
Assim, conclui o artigo, a integração das oficinas ao traçado urbano, a reutilização dos fornos e as práticas compartilhadas indicam um nível de organização anteriormente subestimado nas comunidades da Idade do Ferro na região de Zagros, incorporando a produção cerâmica à vida cotidiana por meio do conhecimento coletivo e de uma gestão eficiente dos recursos.
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