Um entalhe em rocha recém-descoberto no antigo Reino de Elimaida, no sudoeste do Irã, está despertando interesse acadêmico por sua iconografia singular e possíveis paralelos com a lendária batalha entre Hércules e a Hidra, motivo recorrente em moedas gregas datadas de cerca de 325 a.C.

A descoberta foi anunciada por Ayyoub Soltani, diretor da Base Nacional de Paisagens Culturais e Industriais de Masjed Soleyman, que descreveu o relevo como uma das esculturas rupestres mais marcantes atribuídas aos elimeus até o momento, segundo o portal Arkeonews.

De acordo com Soltani, as figuras e a composição do painel sugerem que a cena pode retratar um ritual ou episódio mitológico, potencialmente influenciado por tradições do Mediterrâneo, mas ainda enraizado nas crenças locais.

O povo elimeu formou um reino autônomo ou semi-autônomo entre o século II a.C. e o início do século III d.C., principalmente na região de Susiana, correspondente à atual província iraniana do Cuzistão.

O relevo foi esculpido em uma superfície trapezoidal de rocha, medindo cerca de 70 por 81 centímetros. Apesar de parte do painel ter sofrido erosão natural e danos intencionais, três figuras permanecem claramente visíveis.

À esquerda, destaca-se uma figura masculina musculosa e nua, empunhando uma arma, apresentada em perfil de três quartos. No centro, há uma criatura semelhante a uma serpente de três cabeças, com aproximadamente 83 centímetros de comprimento. À direita, uma figura masculina trajando vestes de estilo parta aparece em visão frontal.

Segundo Soltani, a disposição, o modelado das figuras e os gestos sugerem uma ênfase deliberada na luta heróica e no simbolismo ritual. Embora não seja possível identificar com precisão os personagens, a cena apresenta paralelos com o mito de Hércules enfrentando a Hidra, narrativa conhecida no mundo helenístico e representada em moedas gregas de cerca de 325 a.C.

Pesquisadores destacam que, em vez de uma cópia direta, o artista elimeu pode ter se inspirado em temas mitológicos amplamente difundidos, adaptando-os aos contextos religiosos e culturais locais.