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'Destruição dos direitos': sindicalismo vai às ruas contra reforma trabalhista de Milei

Milhares protestam na capital argentina contra mudanças propostas pelo governo Milei na legislação trabalhista

Sputnik Brasil 19/12/2025
'Destruição dos direitos': sindicalismo vai às ruas contra reforma trabalhista de Milei
Sindicatos argentinos protestam em Buenos Aires contra reforma trabalhista proposta por Milei. - Foto: © AP Photo / Natacha Pisarenko

Sindicatos argentinos mobilizaram milhares de trabalhadores em Buenos Aires nesta quarta-feira (XX/XX), em protesto contra a reforma trabalhista proposta pelo governo do presidente Javier Milei.

Reunidos sob a liderança da Confederação Geral do Trabalho (CGT), manifestantes marcharam até a histórica Praça de Maio, buscando pressionar o Congresso a rejeitar o projeto encaminhado pelo Executivo.

Esta foi a quarta grande manifestação contra Milei desde sua posse em 2023, mas a primeira a unir movimentos sociais e sindicatos ligados à Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA) em oposição às mudanças amplas sugeridas para a Lei de Contrato de Trabalho.

Entre os pontos mais contestados da proposta estão a flexibilização do direito de greve, a prevalência de acordos individuais por empresa, a redução dos custos das indenizações e restrições à negociação coletiva, entre outros.

O movimento sindical alertou o governo sobre a possibilidade de uma greve geral. Em discurso, Octavio Argüello, co-secretário-geral da CGT, afirmou: "Se não nos ouvirem, vamos acabar em uma paralisação nacional".

O ato reuniu, além de trabalhadores sindicalizados e representantes de movimentos sociais, dirigentes da oposição, incluindo nomes do peronismo e da esquerda.

"É uma convocação multitudinária que expressa o que o povo sente: que este projeto é uma destruição dos direitos dos trabalhadores para favorecer as grandes empresas", declarou Jorge Taiana, deputado nacional da União pela Pátria e ex-chanceler, ao portal Sputnik.

O fim de uma luta?

O ex-ministro do Trabalho, Carlos Tomada, também se manifestou: "Os trabalhadores saíram às ruas para defender seus direitos, porque a reforma trabalhista tem como objetivo pôr fim a uma história de luta do movimento operário".

Embora a CGT concentre os sindicatos mais tradicionais do país, representantes de organizações populares e trabalhadores informais também participaram do protesto.

Em entrevista à Sputnik, a deputada nacional e dirigente social Natalia Zaracho afirmou: "Sou uma das que estão convencidas de que temos uma dívida com os trabalhadores do século XXI, mas agora é preciso votar contra".

A mobilização ocorre em um momento delicado para o sindicalismo argentino, já que Milei ampliou sua base no Congresso, quase triplicando o número de deputados (de 37 para 95) e de senadores (de seis para 19). Com essa força, o governo já aprovou o Orçamento de 2026 na Câmara dos Deputados.

Parte da sociedade argentina também vê necessidade de atualizar a legislação trabalhista, em um país com 42% de informalidade no emprego. Segundo pesquisa da consultoria DC, 60% dos argentinos apoiariam uma reforma — dado colhido antes da apresentação do texto oficial do governo.