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União Europeia adia assinatura de acordo com Mercosul para 2026

Decisão ocorre após pressão de agricultores e resistência de França e Itália; impasse afeta credibilidade do bloco europeu.

Sputnik Brasil 18/12/2025
União Europeia adia assinatura de acordo com Mercosul para 2026
Protestos de agricultores adiam assinatura do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul. - Foto: © AP Photo / Geert Vanden Wijngaert

A União Europeia decidiu adiar a assinatura do amplo acordo de livre comércio com o Mercosul, após intensos protestos de agricultores e oposição de última hora da França e da Itália, anunciou a Comissão Europeia nesta quinta-feira (18).

Representantes do bloco planejavam formalizar o acordo neste fim de semana, após 26 anos de negociações. No entanto, a porta-voz principal da Comissão Europeia, Paula Pinho, confirmou que a assinatura foi postergada para janeiro de 2026.

Especialistas alertam que o adiamento pode prejudicar a credibilidade internacional da União Europeia, especialmente em um contexto de busca por novos acordos comerciais diante das tensões com Estados Unidos e China.

O tratado prevê a eliminação gradual das tarifas sobre quase todos os produtos comercializados entre os países da União Europeia e do Mercosul ao longo dos próximos 15 anos.

A França liderou a resistência ao acordo, enquanto a Itália apresentou novas ressalvas na véspera, quarta-feira (17).

Segundo um funcionário da União Europeia, o adiamento foi decidido em reunião entre a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, durante uma cúpula do bloco, com a participação da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. A condição para a nova data é que a Itália vote favoravelmente ao tratado em janeiro.

A decisão foi comunicada poucas horas após agricultores bloquearem estradas com tratores e lançarem fogos de artifício em Bruxelas, em protesto contra o acordo comercial, durante a cúpula da União Europeia. As forças de segurança responderam com gás lacrimogêneo e canhões de água.

Os agricultores temem prejuízos econômicos caso o acordo seja firmado, enquanto cresce a preocupação política de que a rejeição ao tratado fortaleça movimentos de extrema-direita.