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Acordo Mercosul-UE pode agravar situação dos pequenos produtores rurais franceses
Agricultores protestam em várias regiões da França contra o tratado e medidas sanitárias que afetam o setor agropecuário.
A mobilização dos agricultores franceses ganhou força em diversas regiões do país, com bloqueios de estradas, linhas ferroviárias e prédios públicos, em protesto contra o acordo entre a União Europeia e o Mercosul e também contra o abate sistemático de rebanhos infectados com dermatose nodular contagiosa.
"Há duas lutas que estão ocorrendo neste momento: uma é, de fato, contra o Mercosul, porque é um acordo que não beneficia as classes trabalhadoras, mas sim a agroindústria e os grandes proprietários de terras; e a outra é contra o sacrifício do gado em algumas regiões da França", afirmou o sindicalista francês André Fadda, em entrevista à Sputnik.
Ele ressaltou que "a dermatose bovina está impactando fortemente a economia dos pequenos produtores porque, a partir de uma vaca contaminada, o Estado decidiu que todo o rebanho deve ser sacrificado". Segundo Fadda, "isso é muito problemático, porque os pequenos agricultores são abandonados à própria sorte".
"Aqui, a taxa de suicídio é muito elevada no pequeno setor agrícola, enquanto os grandes produtores são os que saem ganhando e estão apostando na pecuária intensiva. É uma situação catastrófica", completou o sindicalista.
O presidente da França, Emmanuel Macron, declarou nesta quinta-feira (18) que não assinará o acordo caso não sejam incluídas garantias adicionais para proteger os agricultores franceses.
A expectativa era de que o tratado fosse finalizado no sábado (20), em Foz do Iguaçu. Na quarta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou o impasse e afirmou que, se não houver avanço agora, o Brasil não buscará novos acordos comerciais desse tipo durante seu mandato.
De acordo com Lula, a Cúpula de Líderes do Mercosul, marcada para sábado (20), em Foz do Iguaçu (PR), pode representar o desfecho de uma negociação que se arrasta há mais de duas décadas.
"Se não fizer agora, o Brasil não fará mais enquanto eu for presidente", declarou Lula durante a última reunião ministerial de 2025, realizada na Granja do Torto, em Brasília.
As negociações técnicas entre Mercosul e União Europeia foram formalmente concluídas em dezembro do ano passado, encerrando mais de 20 anos de discussões. No entanto, o texto ainda depende da aprovação dos parlamentos nacionais dos países dos dois blocos, etapa considerada a mais delicada e sujeita a vetos.
Para barrar o acordo, é necessária a recusa de quatro países que representem pelo menos 35% da população da União Europeia. O lobby agrícola europeu, além dos governos da França, Polônia e outros países, se opõem ao tratado.
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