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Haddad diz que Fazenda e Banco Central nunca divergiram sobre direção da política monetária
Ministro afirma que discussões sempre foram sobre intensidade das medidas, e não sobre o rumo da política econômica.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (18) que não há divergências entre sua pasta e o Banco Central (BC) quanto à direção da política monetária. Segundo ele, o debate entre as instituições sempre se concentrou na intensidade das medidas adotadas. “Fazenda e Banco Central nunca divergimos sobre a direção da política, não houve divergência em relação a isso. Houve debate sobre dose, sobre intensidade”, declarou Haddad durante café da manhã com jornalistas. “A gente concordava em relação à direção e discutia intensidade.”
Haddad considerou natural o debate e se disse surpreso com a dificuldade de se discutir o tema de forma civilizada. “Pois logo alguém repreende a Fazenda de estar questionando a autonomia do Banco Central”, afirmou. Para o ministro, as ponderações sobre a atuação do BC não deveriam “ferir nem causar tanta celeuma”.
Patamar da Selic
O ministro defendeu que, no início do ano, a decisão do BC de elevar os juros foi correta, especialmente diante do impacto causado pelo anúncio do novo Imposto de Renda. Ele lembrou que, após a apresentação do projeto, o dólar começou a cair, à medida que o mercado percebeu que a proposta tinha compensação justa. “Vários liberais passaram a elogiar depois que conheceram a proposta”, destacou, reconhecendo que aquele foi um período difícil.
Haddad explicou que, devido ao grau de especulação do momento, a autoridade monetária ficou sem alternativa. “Aí discutiu-se dose, onde para (a taxa Selic), em 14,25%? Vai até 15,0%? Qual é o problema de discutir isso? Não tem problema nenhum. E a rigor, historicamente, Fazenda e BC discutem exatamente isso, a única coisa que a gente discute é isso”, defendeu. Para ele, é preciso amadurecimento para lidar com essas discussões. O ministro também defendeu o compartilhamento de “sensações, projeções e dados” com o BC, considerando normal a troca de impressões e informações.
Haddad ressaltou que prega a harmonia entre as políticas monetária e fiscal “desde o primeiro dia”, pois, segundo ele, não há como dissociar os dois campos. “Chega uma hora em que o monetário começa a afetar o fiscal e, às vezes, o fiscal afeta o monetário. Se a autoridade monetária, por exemplo, fica prometendo metas que não cumpre, que não são factíveis, críveis, que não persegue, se entendem que ela fala uma coisa e faz outra, a falta de credibilidade da autoridade fazendária repercute na política monetária, e vice-versa”, explicou.
O ministro criticou a exploração de supostas divergências entre Fazenda e BC. “Às vezes, as pessoas tentam explorar divergências, é natural que nós tenhamos perspectivas, cada um está olhando para o seu quintal. E a conversa pública e privada, que é sempre a mesma, é no sentido de harmonizar, para que a trajetória da economia seja a mais virtuosa possível”, ressaltou.
Haddad também disse respeitar todas as projeções, citando o boletim Focus como exemplo, mas destacou que acompanha de perto as projeções feitas pela Fazenda.
Por fim, o ministro elogiou o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello. “Acho que o Guilherme Mello é uma surpresa muito agradável para muita gente, para mim não, porque conheço ele há muito tempo. Ele tem acertado muito em relação ao mercado, que tem sido sempre mais pessimista que a SPE”, afirmou Haddad.
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