Geral
Galípolo afirma que Copom não antecipa decisões nem fecha portas sobre juros
Presidente do Banco Central destaca postura dependente de dados e reforça transparência nas comunicações do Copom.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (18) que "não há seta nem porta fechada" em relação à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Ele reconheceu a ansiedade do mercado por sinais mais claros sobre a trajetória dos juros, mas ressaltou que a estratégia adotada pela autarquia, baseada em alternativas e custos existentes, tem se mostrado a mais coerente.
"Conforme fomos retirando algumas expectativas que existiam em palavras-chaves, significativas de sinal, todo mundo vai migrando para que a projeção vire um sinal. Não adianta querer achar que vai ter uma coisa, nem na projeção", ponderou Galípolo durante entrevista coletiva sobre o Relatório de Política Monetária (RPM) do quarto trimestre, divulgado mais cedo.
Galípolo explicou que o Copom busca não fornecer sinalizações antecipadas, mas também não fechar portas, adotando uma postura dependente de dados. "Dado o ambiente, no trade-off existente entre sinalizar antes o que vai fazer e conseguir usar o período até a próxima reunião do Copom para reunir dados e tomar a decisão, vale mais a pena a segunda opção. É isso que significa 'dependente de dados'", afirmou.
O diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, também presente na entrevista, destacou que essa postura tem mostrado efeitos positivos, permitindo ao colegiado incorporar novos dados à medida que surgem.
Guidance
Questionado sobre a possibilidade de corte de juros na próxima reunião, caso o cenário evolua conforme esperado, Galípolo evitou dar qualquer sinalização. "A gente não tem esse guidance derivado para dar", reforçou, reiterando a dependência de dados. "A facilidade que a gente tem, nesse caso, de não dar a pista, não é nem porque está sendo muito habilidoso em esconder alguma coisa, é porque realmente não há sobre o que dar uma pista, porque a gente não tomou essa decisão."
Guillen esclareceu que o Copom buscou contextualizar a evolução do cenário ao mencionar, em sua comunicação, o acúmulo de confiança no processo de desinflação. "Foi refletindo isso tanto na condução, quanto na apresentação", afirmou.
O diretor acrescentou que o BC tem buscado ser transparente, inclusive ao alterar a descrição sobre a manutenção da taxa Selic no nível atual por período prolongado, de "suficiente" para "adequada".
Choques
Galípolo comentou ainda que o Banco Central incorpora choques gradativamente ao seu cenário, avaliando o impacto dos dados. Citou como exemplo as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. "As previsões originais do ponto de vista do que ia acontecer e o que acabou se revelando ainda têm uma discrepância. Acho que ainda existe uma grande discussão, será que vai ainda aparecer, não vai aparecer, essa discussão está bastante presente, mas a própria existência da discussão sugere a gente permanecer nessa posição", concluiu.
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