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Última jogada? Lula pressiona União Europeia e impõe prazo final para acordo com o Mercosul
Presidente brasileiro afirma que cúpula do Mercosul pode definir futuro do tratado comercial após mais de 20 anos de negociações.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou o tom e pressionou diretamente a União Europeia ao afirmar que o acordo comercial com o Mercosul entra, neste fim de semana, em sua última janela política.
Segundo Lula, a Cúpula de Líderes do Mercosul, marcada para sábado (20), em Foz do Iguaçu (PR), pode representar o desfecho de uma negociação que se arrasta há mais de duas décadas.
"Se não fizer agora, o Brasil não fará mais enquanto eu for presidente", declarou Lula durante a última reunião ministerial de 2025, realizada na Granja do Torto, em Brasília.
Na avaliação do presidente, o Mercosul já avançou até onde era possível ao longo de um processo iniciado no início dos anos 2000, marcado por sucessivas rodadas de negociação, interrupções e resistências internas nos dois blocos. "Se disserem não, vamos ser duros daqui pra frente. Nós cedemos a tudo que era possível", afirmou.
Lula destacou que a própria data da cúpula foi ajustada a pedido da União Europeia, que enfrenta dificuldades políticas para avançar com o acordo. Segundo ele, governos como os da França e da Itália seguem sob forte pressão interna, especialmente de setores agrícolas contrários à abertura de mercado prevista no tratado.
As negociações técnicas entre Mercosul e União Europeia foram formalmente concluídas em dezembro do ano passado, encerrando mais de 20 anos de discussões. Ainda assim, o texto depende da aprovação dos parlamentos nacionais dos países dos dois blocos, etapa considerada a mais sensível e sujeita a vetos.
Tensões na Venezuela
Além do impasse comercial, Lula aproveitou a reunião ministerial para demonstrar preocupação com o aumento das tensões entre Estados Unidos e Venezuela. "Estou preocupado com as atitudes do presidente (Donald) Trump com relação à América Latina. Nós vamos ter que ficar muito atentos com essa questão", disse.
O presidente voltou a defender uma postura diplomática para a região, ressaltando a tradição brasileira de resolução pacífica de conflitos. "Aqui, nós não temos há 200 anos o hábito da guerra. E foi isso que eu disse ao presidente Trump: o poder da palavra pode valer mais do que o poder da arma", declarou.
Lula afirmou ainda que se colocou à disposição para contribuir com um eventual diálogo entre Trump e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
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