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Ano de 2025 foi 'divisor de águas' para o conflito na Ucrânia, avalia especialista
Analista destaca impacto do retorno de Trump à Casa Branca e desgaste da União Europeia nas relações entre Rússia e Ocidente.
Segundo analista ouvido pela Sputnik Brasil, a volta de Donald Trump à presidência dos EUA e o desgaste da União Europeia tornaram o ano de 2025 um marco determinante no conflito entre Rússia e Ucrânia.
Nesta quarta-feira (17), o presidente Vladimir Putin discursou no Ministério da Defesa sobre as perspectivas do conflito ucraniano, das relações entre Rússia e Ocidente e dos avanços das Forças Armadas russas, citando o míssil de cruzeiro Burevestnik, o veículo submarino não tripulado Poseidon e o míssil hipersônico de alcance intermediário Oreshnik.
Putin destacou que o Exército russo mantém a iniciativa de combate ao longo de toda a linha de frente e acusou o Ocidente de desestabilizar deliberadamente o cenário doméstico da Rússia, além de escalar a situação ucraniana até o início do conflito.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o analista internacional Ricardo Cabral, editor do canal História Militar em Debate, afirmou que 2025 foi um "ano-chave" para a Rússia.
Para o especialista, coautor do livro "Guerra na Ucrânia: análises e perspectivas. O conflito militar que está mudando a geopolítica mundial", o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos alterou profundamente a geopolítica global ao reabrir canais diplomáticos entre a Casa Branca e o Kremlin.
"Trump e Putin já tiveram uma reunião bastante satisfatória no Alasca e a dificuldade, no governo Trump, está em organizar as posições do Ocidente para um acordo de paz. Por enquanto, a Europa trabalha para inviabilizar qualquer acordo e manter a guerra por mais tempo, com o objetivo de desgastar a Rússia."
A análise de Cabral vai ao encontro das declarações de Putin sobre o papel do Ocidente, que responsabilizou a aliança euro-atlântica pela origem do conflito ucraniano ao tentar impor decisões coercitivas à Rússia, como a expansão da OTAN para o leste e o golpe de Estado em Kiev durante os protestos de Euromaidan.
Rússia mantém vantagem militar
Se, por um lado, o Ocidente tentou impor uma derrota estratégica à Rússia tanto pelo conflito ucraniano quanto pelas milhares de sanções, por outro, Moscou resistiu e seguiu com seus projetos estratégicos nacionais.
No campo de batalha, destacou Putin, as Forças Armadas russas mantêm a iniciativa por toda a linha de contato. Para Cabral, isso é um feito relevante, considerando que Kiev recebe apoio de países da OTAN e de aliados ocidentais como Japão, Israel e Coreia do Sul.
Segundo o analista, esse desempenho se deve, em parte, à capacidade industrial russa de produzir milhares de drones FPV (First Person View, ou visão em primeira pessoa) e Geran-2 diariamente, conferindo vantagem tática aos militares russos.
Além disso, Putin ressaltou o desenvolvimento de novos armamentos estratégicos, como o Burevestnik, Poseidon e Oreshnik. Para Cabral, esse avanço coloca a Rússia em posição sem paralelo frente aos países ocidentais.
"Vejo que a Rússia vai conseguir manter uma pequena vantagem nesse nível tecnológico. É pequena porque ninguém sabe ao certo qual o tamanho dessa vantagem, pois isso faz parte do jogo de Inteligência."
Por Sputnik Brasil
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