A vitória de José Antonio Kast na eleição presidencial do Chile consolida uma guinada à direita e redefine o cenário político da América do Sul. Na primeira eleição presidencial chilena com voto obrigatório, a coalizão governista de esquerda, liderada pela candidata Jeannette Jara, foi derrotada por uma margem expressiva: 42% a 58%.

Com o resultado, Kast torna-se o governante mais alinhado à direita no país desde 1990, ano que marcou o fim da ditadura de Augusto Pinochet. O internacionalista Henrique Martins, em entrevista à Sputnik Brasil, destaca que Kast conseguiu "evitar o debate" durante a campanha e até desvincular sua imagem de nazista — ele é filho de Michael Kast, ex-soldado alemão ligado ao partido de Adolf Hitler — e de defensor do regime pinochetista.

Kast, que atua como deputado há mais de 20 anos, tem a segurança pública como principal pauta. Apesar das diferenças, Martins observa que "é difícil não fazer uma comparação" entre Kast e o ex-presidente Jair Bolsonaro em 2018, ambos com longa trajetória parlamentar.

Para a especialista Míriam Saraiva, o governo Kast deve levar a uma maior aproximação entre Chile, Estados Unidos e Argentina. O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, foi um dos primeiros a celebrar a eleição, o que, segundo Saraiva, abre espaço para articulações entre Chile e o governo do presidente dos EUA, Donald Trump.

Segundo Saraiva, "antes, Brasil, Colômbia e Chile representavam governos progressistas [na América do Sul] e, em algumas atividades, atuavam em eixo, como por exemplo a reunião que teve para a defesa da democracia junto ao primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez".

Por Sputnik Brasil