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Arqueólogos descobrem cão neolítico enterrado com adaga em ritual de 5.000 anos na Suécia

Sepultamento raro indica práticas simbólicas ligadas à água e revela aspectos da relação entre humanos e cães na Idade da Pedra.

16/12/2025
Arqueólogos descobrem cão neolítico enterrado com adaga em ritual de 5.000 anos na Suécia
Cão da Idade da Pedra foi encontrado enterrado com adaga de osso em ritual há 5.000 anos na Suécia. - Foto: © Foto / Arqueólogos do Museu Histórico Sueco

Um sepultamento inédito foi encontrado na Suécia: arqueólogos identificaram um cão da Idade da Pedra enterrado junto a uma adaga de osso há aproximadamente 5.000 anos, em um contexto considerado ritualístico. O achado revela práticas simbólicas relacionadas à água e oferece uma nova perspectiva sobre as crenças e o cotidiano neolíticos.

A descoberta ocorreu nos pântanos de Logsjomossen, no sul da Suécia, durante escavações para a construção da ferrovia Ostlanken. Os pesquisadores localizaram os restos de um cão do Neolítico Final (3300-2600 a.C.), enterrado com uma adaga de osso finamente trabalhada, em um contexto que pode redefinir o entendimento sobre a relação entre humanos, cães e rituais há milênios.

Considerada uma das mais extraordinárias do norte da Europa, a descoberta foi feita em uma área que, na época, era um lago raso com estruturas complexas de pesca, como barreiras de madeira e armadilhas, fundamentais para a subsistência das comunidades locais. O cão foi encontrado a cerca de 1,5 metro de profundidade, distante da antiga margem, envolto em pele ou couro, com pedras para afundamento e o crânio esmagado, sugerindo um ato intencional.

Ao lado do animal havia uma adaga de 25 centímetros, confeccionada em osso de alce ou veado-vermelho, preservada graças às condições do pântano. O cão era macho, robusto, com cerca de 50 cm de altura e idade estimada entre três e seis anos, provavelmente utilizado para caça ou guarda. Enterros completos de cães são raros, e acompanhados de armas, ainda mais incomuns.

Especialistas acreditam que o sepultamento tenha caráter ritualístico. Em outras regiões do norte europeu, já foram encontrados crânios de cães próximos a instalações de pesca, mas nunca um animal inteiro com um objeto tão elaborado. A adaga sugere valor simbólico, possivelmente relacionado a status, proteção ou cerimônias ligadas à água e à espiritualidade.

A escavação do sítio foi desafiadora: a área de 2.500 metros quadrados estava saturada de água, exigindo o uso de esteiras para as máquinas e bombas para drenagem. Todo o local foi documentado com fotogrametria e modelos 3D. Após a remoção, os artefatos foram encaminhados a laboratórios para análises detalhadas, incluindo datação por radiocarbono, exames de DNA e estudos de isótopos, que ajudarão a traçar a origem e a dieta do animal.

Essas análises permitirão compreender não apenas a história do cão, mas também detalhes sobre as comunidades que habitavam a região, suas práticas econômicas e a integração dos rituais à vida cotidiana. Logsjomossen já era reconhecido como um sítio arqueológico relevante, mas a descoberta proporciona uma rara janela para o universo simbólico da Escandinávia pré-histórica.

O sepultamento de um cão com uma adaga em um lago revela uma profunda conexão entre humanos, animais e crenças. Mais do que um simples achado arqueológico, trata-se de um testemunho das emoções e práticas espirituais de uma sociedade que via na água e em seus companheiros elementos centrais para a sobrevivência e o sagrado.

Com informações de Sputinik Brasil