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Operação Estágio IV apura desvios milionários e envolve contratos da Sesau em Alagoas
Investigação aponta favorecimento em contratações emergenciais, fraudes no SUS e esquema de lavagem de dinheiro envolvendo quase R$ 120 milhões
A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira, a Operação Estágio IV, com o cumprimento de 38 mandados de busca e apreensão e diversas medidas cautelares alternativas, incluindo a suspensão do exercício de função pública por 180 dias. As decisões foram expedidas pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5).
Além das buscas, a Justiça determinou o sequestro de bens de alto valor, como veículos e imóveis pertencentes aos investigados. A operação contou com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), da Receita Federal e do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus).
As ordens judiciais foram cumpridas em Alagoas, Pernambuco e no Distrito Federal, mobilizando cerca de 170 policiais federais e 26 auditores dos órgãos de controle.
As investigações identificaram indícios de favorecimento ilícito em contratos emergenciais firmados pela Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) entre os anos de 2023 e 2025. Segundo a Polícia Federal, duas empresas — uma fornecedora de material hospitalar e outra do ramo da construção civil — teriam sido beneficiadas, com pagamento de vantagens indevidas a integrantes do esquema.
Somadas, as contratações diretas sob suspeita alcançam quase R$ 100 milhões, sendo que parte significativa dos recursos ainda está em fase de execução.
O inquérito também apura o desvio de recursos do SUS por meio de ressarcimentos superfaturados de consultas e procedimentos médicos que, de acordo com os investigadores, não teriam sido realizados. Apenas nesse núcleo da fraude, o prejuízo estimado supera R$ 18 milhões, com repasses efetuados entre setembro de 2023 e agosto de 2025.
Em um dos casos, pagamentos referentes a procedimentos de fisioterapia apresentaram valores incompatíveis com a capacidade operacional da clínica privada envolvida.
Segundo a PF, parte do dinheiro público desviado foi direcionada aos integrantes da organização criminosa por meio de transferências bancárias, saques em espécie e pagamentos indiretos, caracterizando um sofisticado esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e ocultação patrimonial.
Para dissimular a origem ilícita dos valores, os investigados teriam utilizado interpostas pessoas, incluindo familiares e terceiros, especialmente na aquisição de imóveis. Um dos exemplos citados é a compra de uma pousada em Porto de Pedras, no Litoral Norte de Alagoas, em 2023, pelo valor de R$ 5,7 milhões, paga por empresários supostamente beneficiados pelo esquema.
Os recursos também teriam sido usados para custear viagens internacionais e despesas pessoais dos investigados.
Durante o cumprimento dos mandados, a Polícia Federal apreendeu grande quantidade de dinheiro em espécie, em moeda nacional e estrangeira, além de duas armas de fogo.
O nome da operação, Estágio IV, faz referência ao estágio terminal de alguns tipos de câncer, numa alusão direta — segundo a PF — à gravidade e à nocividade das ações da organização criminosa contra o sistema público de saúde de Alagoas.
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