A postura conciliadora adotada por José Antonio Kast nas primeiras horas após ser eleito presidente do Chile revela um dos principais desafios de seu governo: a necessidade de formar coalizões para aprovar projetos no Congresso.

Eleito com mais de 59% dos votos neste domingo (14), Kast afirmou desejar "uma transição ordeira e respeitosa" e aceitou o convite do atual presidente, Gabriel Boric, para visitar o Palácio de La Moneda e oficializar a transferência de poder.

Em entrevista à Sputnik, o cientista político Marcelo Mella destacou o chamado "paradoxo chileno": mesmo com a maior votação já obtida por um presidente chileno — 7,2 milhões de votos —, Kast inicia o mandato com pouco respaldo parlamentar.

"Quando se observa a correlação de forças no Legislativo, vê-se que o governo de Kast será, assim como foi o de Boric, um governo de minoria. Ou seja, o Partido Republicano não tem, em nenhuma das duas câmaras, apoio suficiente para garantir a viabilidade de seu governo", explicou o analista.

O doutor em Estudos Políticos Daniel Grimaldi também avaliou que o novo presidente precisará adotar um discurso mais moderado para garantir governabilidade.

"Kast precisa se moderar para garantir governabilidade; ele não tem maioria e terá de negociar muito no Parlamento, e no Chile não há eleições parlamentares de meio de mandato. Ele tem um Parlamento adverso e ninguém tem maioria", afirmou.

Filho de imigrantes alemães que chegaram ao Chile na década de 1950, Kast é formado em Direito e iniciou a carreira política em 1996 como vereador em Buin. Atuou como deputado pela União Democrática Independente entre 2002 e 2014 e lançou-se candidato à presidência em 2017. Em 2021, fundou o Partido Republicano.

Seu programa de governo prioriza a segurança, com propostas como deportação de imigrantes indocumentados e cortes de até US$ 6 bilhões (R$ 32,6 bilhões) em gastos públicos. Kast já manifestou afinidade com os presidentes Donald Trump (EUA) e Javier Milei (Argentina).

Primeira viagem internacional será à Argentina

Segundo a imprensa local, Kast deve se reunir nesta terça-feira (16) com o presidente argentino Javier Milei, em Buenos Aires.

A posse está prevista para 11 de março de 2026. Milei foi um dos primeiros líderes a parabenizar Kast, classificando sua vitória como um avanço regional em defesa da "liberdade" e contra o protagonismo estatal.

"Mais um passo da nossa região em defesa da vida, da liberdade e da propriedade privada. Tenho certeza de que vamos trabalhar juntos para que a América abrace as ideias da liberdade e possamos nos libertar do jugo opressor do socialismo do Século XXI", escreveu Milei no X.

Por Sputnik Brasil