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Setor financeiro lidera pagamento de impostos e cresce acima do PIB, aponta estudo

Levantamento da Confederação Nacional das Instituições Financeiras revela que segmento paga mais tributos do que sua participação no PIB sugeriria e avança acima da média nacional.

14/12/2025
Setor financeiro lidera pagamento de impostos e cresce acima do PIB, aponta estudo
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial - Foto: Nano Banana (Google Imagen)

O setor financeiro é o maior pagador de impostos federais no Brasil desde pelo menos 2011, segundo estudo divulgado neste domingo (14) pela Confederação Nacional das Instituições Financeiras (Fin).

Com base em dados da Receita Federal, a pesquisa aponta que, entre 2016 e 2021, as instituições financeiras recolheram em tributos cerca de 10 pontos percentuais acima do que sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) indicaria.

O levantamento destaca que o Brasil possui uma carga tributária superior à de 75% dos países, em patamar semelhante ao de economias desenvolvidas. Ao mesmo tempo, cerca de 4,5% do PIB nacional são destinados à redução de impostos para setores específicos. "Consequentemente, enquanto as empresas no Brasil pagam um elevado volume de impostos, algumas atividades pagam muito mais do que outras", afirmam os pesquisadores.

Esses dados surgem em meio a debates entre fintechs e bancos sobre quem arca com a maior carga tributária. Em novembro, o CEO do Nubank, David Vélez, declarou que a fintech seria a maior pagadora de impostos do país, com alíquota efetiva de 31%. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) rebateu, atribuindo a diferença à maior rentabilidade e acusando o Nubank de se beneficiar de "assimetrias regulatórias".

Entre os maiores setores da economia

Segundo o relatório da Fin, o setor financeiro representou 4,8% do PIB brasileiro em 2024, equivalente a R$ 483,6 bilhões em valor adicionado. O segmento está entre os cinco maiores da economia, superando setores intensivos em mão de obra. Em 2023, o setor cresceu 7,5%, e, em 2024, 3,7% — ambos acima da expansão do PIB nacional (3,2% em 2023 e 3,4% em 2024).

"Os dados mostram com clareza que o sistema financeiro brasileiro não apenas impulsiona investimento, inovação e consumo, como também sustenta uma parcela significativa do emprego formal e da arrecadação pública. Com um ambiente econômico favorável, o potencial de contribuição desse setor ao país pode ser ainda maior", afirma a presidente da Fin, Cristiane Coelho.

O crédito ao setor privado atingiu 93,5% do PIB em 2024, abaixo da mediana internacional (139%), mas, entre 2019 e 2024, o índice cresceu 16,5 pontos percentuais — o terceiro maior avanço entre cerca de 40 economias analisadas. No mesmo período, a mediana dos países avaliados apresentou retração de 5,7 pontos percentuais.

Com a popularização do Pix, o Brasil está entre os mercados que mais ampliaram o volume e o valor de transações eletrônicas. No mercado de trabalho, o número de empregados do setor financeiro cresceu, em média, 3,2% ao ano entre 2011 e 2021, enquanto a remuneração nominal avançou 7,4% ao ano.

"Quando observamos todas as atividades que compõem o setor financeiro, fica clara a sua verdadeira dimensão: em 2024, ele respondeu por quase 5% do PIB brasileiro e foi a atividade, entre as grandes acompanhadas pelo IBGE, cujo desempenho mais se correlaciona com o consumo e o investimento futuros", destaca Vinícius Botelho, gerente de Assuntos Econômicos da Fin.