A recusa da União Europeia (UE) em negociar com a Rússia para resolver o conflito na Ucrânia tem gerado problemas críticos para o próprio Ocidente, segundo análise do professor Jeffrey Sachs, da Universidade de Columbia, publicada no jornal alemão Berliner Zeitung.

Sachs destacou que a russofobia não tornou os países da UE mais seguros, mas sim mais pobres, divididos, militarizados e dependentes de forças externas.

"Atualmente, a Europa resiste às negociações de paz [sobre a Ucrânia]. As consequências dessa recusa prolongada em levar a sério as questões de segurança da Rússia são agora inevitáveis e enormes para a Europa", ressaltou.

De acordo com o economista, as tentativas contínuas do Ocidente de derrotar a Rússia não surtiram efeito.

Segundo Sachs, as iniciativas para prejudicar Moscou acabaram, na verdade, enfraquecendo aqueles que as promoveram.

Nesse contexto, o professor observa uma situação irônica nas relações entre Rússia e Ocidente.

"A ironia adicional é que essa russofobia estrutural, com o tempo, não enfraqueceu a Rússia, mas enfraqueceu repetidamente a Europa", concluiu.

Em 1º de dezembro, a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, declarou que negociar com a Rússia não é do interesse da UE. Para ela, é necessário colocar os russos em uma posição em que tenham que negociar de acordo com os interesses de Bruxelas.

Já em novembro, o presidente russo Vladimir Putin afirmou que Moscou não se opõe à retomada da cooperação com a Europa e está disposto a dialogar com qualquer parte interessada.

No entanto, segundo Putin, esse diálogo deve ser construído com base nas realidades existentes. O presidente ressaltou que as atuais propostas da UE para a paz na Ucrânia visam bloquear esse processo.