Os municípios brasileiros encontram grandes dificuldades para acessar recursos e desenvolver projetos que integrem a perspectiva climática e a sustentabilidade, avalia Bruno Incau, coordenador de Financiamento e Economia Urbana da WRI Brasil.

Segundo ele, a maioria dos 5,5 mil municípios do país são pequenos e contam com equipes reduzidas, que geralmente se dedicam apenas a tarefas básicas, como podas e gestão de resíduos. Isso afasta a possibilidade de manter uma equipe focada em planejamento ou em uma agenda climática.

Incau destaca ainda a necessidade de aprimorar o padrão de formação dos técnicos em áreas como engenharia e gestão ambiental. No entanto, os governos locais, em sua maioria, não dispõem de recursos para investir nessa qualificação. "Não há como fazer o acesso aos recursos de financiamentos", comenta.

Além disso, ele aponta que a realidade fiscal é uma das principais barreiras enfrentadas pelas cidades. Mesmo com projetos bem estruturados, o acesso a recursos é dificultado caso o município não possua a nota de crédito necessária. Apenas 20% dos municípios possuem Capag A ou B, classificação que mede o risco de crédito desses órgãos. "Sem essa nota de crédito, sem essa capacidade fiscal, não conseguem acessar o financiamento oferecido", afirmou Incau durante evento promovido pelo Centro de Liderança Pública (CLP), realizado na manhã de hoje na Faap.