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BCE projeta euro digital para 2029 e inicia piloto em 2027

Banco Central Europeu detalha cronograma e destaca vantagens econômicas e de segurança do euro digital, com previsão de testes já em 2027.

13/12/2025
BCE projeta euro digital para 2029 e inicia piloto em 2027
- Foto: Reprodução

Piero Cipollone, membro da diretoria executiva do Banco Central Europeu (BCE), apresentou neste sábado o cronograma para a implementação do euro digital, prevendo o lançamento oficial da moeda em 2029. Durante participação em evento, Cipollone explicou que, caso a legislação necessária seja aprovada até o final de 2026, a infraestrutura técnica será construída no primeiro semestre de 2027, permitindo o início da fase de testes em setembro do mesmo ano.

Cipollone destacou que não comentaria sobre taxas de juros ou política monetária devido ao período de silêncio que antecede a próxima reunião do comitê diretivo do BCE, marcada para a próxima quinta-feira.

Sobre a arquitetura do sistema, o diretor enfatizou que o BCE não terá acesso aos dados privados dos cidadãos, rebatendo preocupações sobre vigilância estatal ou controle de gastos. "As informações processadas pelo Banco Central serão criptografadas, o que impede tecnicamente que a instituição vincule pagamentos a indivíduos específicos. A gestão dos dados de clientes e os controles contra lavagem de dinheiro permanecerão sob responsabilidade exclusiva dos bancos comerciais, que atuarão como intermediários na distribuição da moeda digital, mantendo o modelo atual de relacionamento bancário", afirmou.

Cipollone também detalhou os custos de implementação do projeto, que serão divididos entre o setor público e o privado. O investimento previsto é de 1,2 bilhão de euros, valor que o BCE espera recuperar por meio da senhoriagem associada à emissão da moeda.

Para o sistema bancário europeu, o custo total estimado varia entre 4 e 6 bilhões de euros, diluídos em quatro a cinco anos. "O impacto financeiro para as instituições representa cerca de 3,5% dos gastos anuais do setor com tecnologia da informação, um investimento considerado gerenciável", avaliou.

Entre as principais vantagens econômicas, Cipollone destacou a eliminação das chamadas taxas de bandeira (scheme fees) nas transações com o euro digital, atualmente um custo significativo em pagamentos com cartões internacionais. O projeto de lei em discussão prevê que essa economia seja repassada, ao menos em parte, aos comerciantes, beneficiando especialmente pequenos negócios com margens de lucro reduzidas.

Ouro

Além da pauta digital, Cipollone comentou sobre a tendência global de acumulação de ouro por bancos centrais. Ele observou que as compras anuais do metal subiram de uma média histórica de 400 a 600 toneladas para cerca de 1.000 toneladas nos últimos três anos. "Esse movimento reflete a busca das autoridades monetárias por uma reserva de valor segura contra a inflação e riscos financeiros sistêmicos, complementando a credibilidade das moedas fiduciárias em um cenário de incertezas globais", explicou.