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Varejo cresce 0,5% em outubro impulsionado por inflação menor e mercado de trabalho aquecido, diz IBGE

Primeira alta significativa desde março reflete combinação de fatores que estimularam o consumo; supermercados e farmácias seguem como destaques.

11/12/2025
Varejo cresce 0,5% em outubro impulsionado por inflação menor e mercado de trabalho aquecido, diz IBGE
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial - Foto: Nano Banana (Google Imagen)

A alta de 0,5% no comércio varejista brasileiro em outubro, em relação a setembro, foi resultado de uma combinação de fatores que estimularam o consumo, como a trégua da inflação e o mercado de trabalho aquecido, avaliou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal do Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O avanço no volume vendido em outubro representa a primeira alta estatisticamente significativa desde março, quando houve crescimento de 0,7%.

“Fato é que é um crescimento que está espalhado”, afirmou Santos. “Apenas tecidos, vestuário e calçados caíram. Além disso, esse mês traz uma coincidência de fatores que estimulam o consumo, entre eles a inflação. A inflação cede, alguns itens tiveram até deflação”, completou.

Santos destacou ainda a manutenção da melhora no mercado de trabalho em outubro, com alta sustentada na massa de rendimentos dos trabalhadores e aumento no número de ocupados.

Outro fator foi a expansão do crédito à pessoa física, inclusive para aquisição de veículos, apesar dos juros elevados, com a taxa básica mantida em 15% ao ano. “A despeito disso, o crédito à pessoa física não tem cedido. Cede um pouco num mês ou noutro, mas em outro de alguma maneira ele compensa. Apesar da taxa básica de juros, o crédito à pessoa física não tem sentido tanto essa influência”, explicou.

Supermercados e farmácias mantêm desempenho positivo no varejo

As vendas nos segmentos de supermercados e artigos farmacêuticos continuam sustentando o desempenho do varejo brasileiro no longo prazo, embora “não tenham ido tão bem” em outubro, segundo Santos.

Na passagem de setembro para outubro, o avanço de 0,5% no volume vendido pelo varejo foi puxado por aumentos em sete das oito atividades pesquisadas: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,2%), combustíveis e lubrificantes (1,4%), móveis e eletrodomésticos (1,0%), livros, jornais, revistas e papelaria (0,6%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,4%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,3%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,1%). A única perda ocorreu em tecidos, vestuário e calçados (-0,3%).

No varejo ampliado — que inclui veículos, material de construção e atacado alimentício — houve expansão de 1,1% nas vendas. Veículos e motos, partes e peças cresceram 3,0%, e material de construção subiu 0,6%. O segmento de atacado alimentício não teve divulgação nessa comparação por não acumular número suficiente de meses para ajuste sazonal.

Segundo Santos, os ramos varejistas de bens essenciais mantêm estabilidade nas vendas, porém em patamares elevados. “A interpretação é de sustentação de vendas na alta”, analisou.

Ele ressalta que, em outubro, as vendas de farmacêuticos operaram em patamar recorde, enquanto as de supermercados estavam apenas 1,3% abaixo do pico de maio de 2024. A renda extra do consumidor estaria sendo direcionada para a compra de bens não essenciais em outros segmentos varejistas. “Isso pode favorecer outra atividade, numa escolha de comprar um móvel, um eletrodoméstico”, exemplificou. “Mas se conserva o consumo desses produtos básicos que ficam ali em supermercados. Essa é a leitura desde abril mais ou menos.”