Finanças

Fim da escala 6x1 deve ser discutido na Câmara em 2026, afirma presidente Hugo Motta

Tema ganha força no Congresso e diferentes propostas avançam em Câmara e Senado

Agência O Globo - 19/12/2025
Fim da escala 6x1 deve ser discutido na Câmara em 2026, afirma presidente Hugo Motta
Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados - Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o fim da escala de trabalho 6x1 deve entrar na pauta da Casa no início de 2026.

Segundo Motta, o assunto tem ganhado destaque no debate legislativo e será prioridade dos partidos na retomada dos trabalhos.

— A PEC 6x1 tem crescido na discussão. É uma pauta que, com certeza, estará no início do ano. Os partidos vão tratar e daremos encaminhamento regimental — afirmou o deputado em entrevista a jornalistas.

A declaração ocorre em meio à disputa interna no Congresso sobre qual proposta deve avançar primeiro. Enquanto a Câmara busca consenso em alternativas para reduzir a jornada semanal, o Senado surpreendeu o governo ao aprovar, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), uma PEC mais abrangente, que prevê a redução progressiva da jornada até 36 horas semanais.

Na Câmara, a proposta mais avançada é de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que sugere o fim da escala 6x1, com adoção de quatro dias de trabalho e três de descanso, mantendo a jornada máxima de 36 horas semanais.

A medida busca alterar a Constituição para permitir a redução da jornada semanal, atualmente majoritariamente organizada em seis dias de trabalho para um de descanso. O debate é impulsionado por centrais sindicais, parlamentares da esquerda e movimentos ligados à pauta trabalhista, que defendem a adoção de escalas como o 5x2, com dois dias de folga, sem redução salarial.

Na Subcomissão Especial da Escala 6x1, entretanto, a discussão avançou de forma mais cautelosa. O relator, deputado Luiz Gastão (PSD-CE), apresentou parecer que reduz a jornada máxima das atuais 44 para 40 horas semanais, sem corte salarial. Segundo ele, a adoção imediata da jornada de 36 horas seria “economicamente insustentável” para micro e pequenas empresas, além de não extinguir a escala 6x1.

O relatório prevê transição gradual de três anos, com redução progressiva da carga horária, restrições ao trabalho em fins de semana e medidas compensatórias, como redução de impostos sobre a folha para setores com forte peso da remuneração no faturamento. Após críticas, deputados pediram vista e ainda não há data para nova análise. O presidente da Comissão de Trabalho, deputado Leo Prates (PDT-BA), afirmou que poderá apresentar um substitutivo caso haja consenso.

No Senado, a CCJ aprovou por votação simbólica a PEC relatada pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS). O texto propõe redução de uma hora por ano até chegar a 36 horas semanais, estabelece limite de cinco dias trabalhados por semana, garante dois dias consecutivos de folga — preferencialmente aos fins de semana — e mantém o teto de oito horas diárias.

A aprovação no Senado levou o governo a reavaliar sua estratégia. Segundo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, o Planalto apoiará o texto com maior chance de tramitação.

— A posição do governo é aprovar o caminho mais rápido para acabar com a escala 6x1. Se o mais rápido for o do Senado, vamos com ele — declarou Boulos.