Finanças
Chefe do Executivo da UE e chanceler alemão demonstram otimismo sobre assinatura de acordo com Mercosul em janeiro
Von der Leyen reuniu-se com principal organização agrícola europeia. Macron mantém cautela e diz que "ainda é cedo" para garantir fechamento da parceria.
O chanceler alemão Friedrich Merz e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, manifestaram nesta sexta-feira confiança de que a União Europeia conseguirá assinar, em janeiro, o acordo de livre comércio com o Mercosul.
A cerimônia de assinatura estava prevista para este sábado, com a presença de Von der Leyen no Brasil, mas dependia do aval da maioria dos países do bloco europeu. Um pedido da Itália por mais tempo para negociações impediu o consenso no Conselho Europeu de quinta-feira, resultando no adiamento.
Apesar do revés, Von der Leyen classificou o momento como um “avanço”.
— Precisamos de algumas semanas extras para tratar de certas questões com os Estados-membros, e entramos em contato com nossos parceiros do Mercosul e concordamos em adiar levemente a assinatura deste acordo — afirmou em entrevista coletiva.
O presidente francês, Emmanuel Macron, cujo país é o maior produtor agrícola da UE e tradicionalmente se opõe à parceria, declarou que o acordo, no formato atual, é inaceitável e que "ainda é cedo" para afirmar se as salvaguardas implementadas atenderão às exigências da França.
— Não estamos satisfeitos — disse Macron. — Precisamos desses avanços para que o texto mude de natureza, para que possamos falar de um acordo diferente.
Negociado há mais de 20 anos, o acordo criaria a maior zona de livre comércio do mundo. O adiamento é considerado um revés para a Comissão Europeia, Alemanha, Espanha e países nórdicos, que defendiam a assinatura ainda neste sábado.
Mesmo assim, fontes do governo alemão reiteraram otimismo, indicando que a assinatura é improvável ainda este ano, mas "quase certa" para meados de janeiro.
Por outro lado, a federação alemã de indústria e farmácia (VCI) demonstrou "frustração" diante do que chamou de "disputa interminável".
O maior sindicato agrícola francês, FNSEA, avaliou que o adiamento "não é suficiente" e convocou seus membros a manterem a mobilização, reforçando que "o Mercosul continua sendo um NÃO!".
Durante a reunião de chefes de Estado e de Governo da UE em Bruxelas, milhares de agricultores protestaram. Segundo a polícia, cerca de 7.300 pessoas e 50 tratores participaram do ato, a maioria de forma pacífica.
No entanto, outros 950 tratores chegaram ao bairro europeu, bloqueando ruas e provocando incidentes.
Na manhã desta sexta, Von der Leyen reuniu-se com representantes da Copa-Cogeca, principal organização agrícola europeia, e garantiu, em mensagem na rede X, que "a Europa estará sempre ao seu lado".
A Copa-Cogeca levou cerca de 10.000 manifestantes, principalmente da França, a Bruxelas.
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