Finanças

Com recesso à porta, Congresso corre para votar Orçamento de 2026 nesta sexta-feira

Análise em sessão conjunta de deputados e senadores estava prevista para ontem, mas foi adiada a pedido do relator da LOA, Isnaldo Bulhões

Agência O Globo - 19/12/2025
Com recesso à porta, Congresso corre para votar Orçamento de 2026 nesta sexta-feira
Congresso Nacional - Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados

O Congresso Nacional tenta votar nesta sexta-feira o projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026, mesmo sem a apresentação oficial do relatório final pelo relator, deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL).

A votação, inicialmente agendada para ontem, foi adiada a pedido de Isnaldo, que solicitou prazo adicional para ajustes técnicos no texto, em razão de mudanças recentes aprovadas pelo Congresso e que impactam diretamente as contas públicas do próximo ano.

O relator precisou recalibrar o Orçamento após a aprovação do projeto que reduz em 10% os benefícios tributários concedidos às empresas. Além disso, seguem as negociações para a inclusão de novas fontes de arrecadação, como a tributação de bets, fintechs e o juro sobre capital próprio (JCP).

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) foi convocada para se reunir nesta sexta-feira, com sessões a partir das 9h, para analisar o parecer assim que for apresentado. Uma sessão conjunta do Congresso está prevista para o meio-dia, quando o texto poderá ser votado, caso o relatório seja entregue a tempo.

O esforço para votar a LOA ocorre em meio à pressão sobre o governo para fechar as contas de 2026. A aprovação do projeto que reduz os incentivos fiscais é considerada fundamental para viabilizar o Orçamento, mas o texto sofreu alterações no Congresso que diminuíram a arrecadação inicialmente prevista pela equipe econômica. Entre os principais pontos estão o escalonamento do corte ao longo de três ou quatro anos e mudanças no alcance da regra para empresas do lucro presumido.

Diante deste cenário, a área técnica do Congresso precisou refazer cálculos de receitas, avaliar os impactos da regra da noventena e incorporar compensações negociadas politicamente, o que motivou o pedido de mais prazo por parte do relator da LOA.

O Orçamento de 2026 define as prioridades de gastos do governo federal para o próximo ano, incluindo recursos para saúde, educação, assistência social e infraestrutura, além das estimativas de receitas e do cumprimento das metas fiscais.

Nos bastidores, o Palácio do Planalto pressiona por maior previsibilidade orçamentária para evitar turbulências na execução das despesas, enquanto parlamentares buscam preservar espaço para emendas e programas considerados prioritários.

A tentativa de votação ocorre cerca de duas semanas após o Congresso aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026, que ampliou o poder do Legislativo sobre a execução do Orçamento em ano eleitoral. O texto obriga o governo a pagar ao menos 65% das emendas impositivas até junho de 2026 e manteve a autorização para que o Executivo persiga o piso da meta fiscal, em vez do centro, ampliando a margem para gastos.