Finanças
Acordo UE-Mercosul: Lula afirma que Meloni pediu mais tempo para avaliar proposta
Presidente relata que negociações enfrentam entraves após Itália sinalizar alinhamento à posição francesa
Nesta quinta-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a abordar as negociações do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, que correm risco de impasse devido à resistência de países europeus, como França e Itália. Lula afirmou ter conversado com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que demonstrou cautela em relação ao acordo. Segundo o presidente brasileiro, Meloni esclareceu não ser contrária ao tratado, mas enfrenta pressões políticas de agricultores italianos. Por isso, ela solicitou mais tempo para analisar a proposta.
“Na conversa com a primeira-ministra Meloni, ela ponderou para mim que não é contra o acordo, apenas está vivendo um certo embaraço político por conta dos agricultores italianos. Mas disse ter certeza de que pode convencê-los a aceitar o acordo”, relatou Lula.
Lula destacou que a data prevista para assinatura, no próximo sábado, foi sugerida pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa.
“Há 26 anos estamos tentando firmar esse acordo, que avançou muito nos últimos anos. Nas conversas com a União Europeia, tanto com von der Leyen quanto com António Costa, eles assumiram o compromisso de fechar o acordo ainda este ano. Da parte do Mercosul, tudo está resolvido. O acordo é mais favorável à União Europeia do que a nós”, ressaltou o presidente.
Na véspera, Lula já havia mencionado as dificuldades após a Itália sinalizar alinhamento à posição da França, que se opõe ao acordo entre o Mercosul — formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai — e a União Europeia, bloco de 27 países.
O tratado deve ser analisado nesta quinta-feira durante reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, órgão responsável pela decisão política final antes da assinatura. Caso aprovado, a expectativa é de formalização do acordo no sábado, durante a cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR).
Lula advertiu, no entanto, que uma eventual decisão europeia de recuar agora pode inviabilizar a conclusão do acordo ainda durante seu mandato, que termina no próximo ano.
A aprovação pelo Conselho Europeu é considerada o último passo institucional antes da assinatura. Se houver aval, Ursula von der Leyen deverá comparecer a Foz do Iguaçu para assinar o tratado em nome da União Europeia.
As perspectivas de avanço sofreram um revés após Giorgia Meloni classificar como “prematura” a assinatura do acordo nos próximos dias. A posição italiana tem peso relevante no processo decisório, já que, pelas regras da União Europeia, o Conselho precisa do apoio de ao menos 15 dos 27 países, representando pelo menos 65% da população total do bloco.
No Palácio do Planalto, a avaliação é que Lula investiu capital político significativo para destravar as negociações, incluindo conversas diretas com o presidente francês, Emmanuel Macron, um dos principais críticos do tratado. O acordo é visto como estratégico nos âmbitos econômico e diplomático, além de representar um gesto de defesa do multilateralismo em um cenário internacional fragmentado.
Caso o acordo não seja assinado durante a cúpula em Foz do Iguaçu, o governo brasileiro entende que a responsabilidade recairá sobre os países europeus contrários ao texto.
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