Finanças
Lula afirma que Meloni pediu mais tempo para avaliar acordo entre Mercosul e União Europeia
Presidente brasileiro relata que primeira-ministra italiana enfrenta pressão de agricultores e busca prazo maior para análise
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a comentar, nesta quinta-feira, as negociações do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, que enfrenta resistência de países europeus, como França e Itália.
Lula informou que conversou com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que tem manifestado reservas ao acordo. Segundo o presidente brasileiro, Meloni afirmou não ser contrária ao tratado, mas enfrenta embaraços políticos devido à pressão de agricultores italianos. Ainda de acordo com Lula, Meloni pediu mais tempo para avaliar a proposta.
— Na conversa com a primeira-ministra Meloni, ela ponderou para mim que não é contra o acordo, apenas está vivendo um certo embaraço político por conta dos agricultores italianos, mas tem certeza de que é capaz de convencê-los a aceitar o acordo — relatou Lula.
O presidente destacou que a data prevista para assinatura do acordo, no próximo sábado, foi sugerida pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa.
Na véspera, Lula já havia reconhecido dificuldades nas negociações após a Itália sinalizar alinhamento à posição da França, que é contrária ao acordo entre o Mercosul — formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai — e a União Europeia, bloco de 27 países.
O tratado deve ser analisado nesta quinta-feira durante reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, responsável pela chancela política final antes da assinatura. Caso aprovado, a expectativa é que o acordo seja formalizado no sábado, durante a cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR).
Lula advertiu, no entanto, que uma eventual decisão europeia de recuar neste momento pode inviabilizar a conclusão do acordo ainda durante o seu mandato, que termina no próximo ano.
A aprovação pelo Conselho Europeu é considerada o último passo institucional antes da assinatura. Se houver aval, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, é esperada em Foz do Iguaçu para firmar o tratado em nome da União Europeia.
As perspectivas de avanço sofreram um revés após Giorgia Meloni classificar como “prematura” a assinatura do acordo nos próximos dias. A posição da Itália é vista como relevante no processo decisório, já que o Conselho Europeu precisa do apoio de pelo menos 15 dos 27 países, representando ao menos 65% da população do bloco.
No Palácio do Planalto, a avaliação é que Lula investiu capital político significativo para destravar as tratativas, inclusive em conversas diretas com o presidente francês, Emmanuel Macron, um dos principais críticos do acordo. O tratado é considerado estratégico tanto do ponto de vista econômico quanto diplomático, além de representar uma defesa do multilateralismo em um cenário global mais fragmentado.
Caso o acordo não seja assinado durante a cúpula em Foz do Iguaçu, o governo brasileiro avalia que a responsabilidade recairá sobre os países europeus contrários ao texto.
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