Finanças

Correios recorrem à Justiça para tentar mediar negociação com trabalhadores

Empresa busca evitar aumento de custos com pessoal em meio à pior crise financeira de sua história

Agência O Globo - 11/12/2025
Correios recorrem à Justiça para tentar mediar negociação com trabalhadores
Correios - Foto: Reprodução

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) foi acionado pela direção dos Correios para intermediar as negociações com os trabalhadores, que reivindicam reajuste salarial. O atual acordo coletivo de trabalho (ACT) expira em 15 de dezembro e não será renovado, devido à grave crise financeira enfrentada pela estatal.

Com o fim do ACT, diversos benefícios serão cortados, como o adicional de férias de 70% sobre os salários. Os representantes dos trabalhadores já foram comunicados da decisão e marcaram assembleias para o dia seguinte ao vencimento do acordo, quando decidirão sobre uma possível paralisação da categoria.

Reunião de mediação nesta quinta-feira

A iniciativa de recorrer ao TST busca evitar tanto o dissídio coletivo quanto uma greve, o que agravaria ainda mais a situação da empresa. Uma reunião mediada pelo tribunal está agendada para esta quinta-feira.

Fontes próximas às negociações afirmam que qualquer reajuste salarial, neste momento, é considerado incompatível com o plano de reestruturação dos Correios. A proposta apresentada é de reajuste zero.

Por outro lado, as entidades sindicais defendem não só a renovação integral do acordo coletivo firmado com a gestão anterior, mas também a reposição da inflação nos salários e benefícios, como cesta básica, vale-refeição e o adicional de 70% nas férias, entre outros pontos.

Negociações com bancos avançam

Paralelamente, a direção dos Correios abriu uma nova rodada de negociação com os bancos, desta vez incluindo a Caixa Econômica Federal, diante da resistência do Ministério da Fazenda em realizar um aporte emergencial na estatal.

A expectativa é que a operação seja concluída até o início da próxima semana, atendendo às exigências do Tesouro Nacional e contando com o apoio dos bancos públicos. Na última rodada, o consórcio formado por Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil, Banco do Brasil e Safra propôs juros equivalentes a 136% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) para um empréstimo de R$ 20 bilhões.

O Tesouro Nacional rejeitou a proposta, pois a taxa supera o padrão de 120% do CDI normalmente observado em operações com garantia da União.

Empréstimo pode ser menor

Segundo um executivo de um dos bancos envolvidos, o valor do empréstimo deve ficar entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, abaixo dos R$ 20 bilhões inicialmente solicitados pelos Correios.

Um dos principais entraves para a liberação do crédito é a incerteza quanto à capacidade da estatal de executar seu plano de reestruturação, que prevê cortes de gastos com pessoal e medidas para retomar a lucratividade, segundo fontes do Executivo.

Por esse motivo, liberar apenas parte do valor solicitado é visto como forma de garantir a continuidade do plano, que prevê a redução de 15 mil funcionários entre 2026 e 2027, por meio de um Programa de Demissão Voluntária (PDV), o fechamento de mil unidades e parcerias com o setor privado para diversificar serviços e aumentar receitas.