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Mounjaro receitado a jogadores do São Paulo não tinha autorização da Anvisa e custava R$ 5,6 mil

Medicamento indicado por médico do clube foi adquirido de fornecedor irregular e acima do preço de mercado. Diretoria abriu investigação interna.

16/12/2025
Mounjaro receitado a jogadores do São Paulo não tinha autorização da Anvisa e custava R$ 5,6 mil
- Foto: Reprodução

O médico Eduardo Rauen indicou um fornecedor irregular do medicamento Mounjaro, utilizado para emagrecimento, a jogadores do São Paulo, conforme revelou reportagem do Uol nesta terça-feira (12). A parceria entre Rauen e o clube envolve o TecFut, centro de tecnologia e ciência no futebol administrado pelo médico e sua equipe no CT da Barra Funda.

Segundo o Uol, o fornecedor indicado vendia Mounjaro importado, prática proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, a comercialização era feita por uma pessoa física, o que também é vedado pelo órgão regulador.

O preço cobrado por unidade era de R$ 5.599, valor acima do praticado no mercado, que varia de R$ 1.523,06 a R$ 4.067,81, dependendo do ICMS de cada Estado, da dose e da quantidade de canetas por embalagem.

Dois atletas do São Paulo utilizaram o Mounjaro durante a temporada encerrada neste mês. Antes da divulgação sobre o fornecedor, o clube afirmou publicamente que agiu dentro das normas exigidas. Em nota, o São Paulo ressaltou não haver relação entre o uso do medicamento por dois jogadores e o elevado número de lesões registrado em 2025. Diante das suspeitas sobre a origem do remédio, a diretoria abriu uma apuração interna.

Ao Uol, Eduardo Rauen declarou que não fará novas manifestações sobre o caso. "Minha atuação se limita à avaliação clínica, diagnóstico e tratamento. Já me manifestei publicamente acerca do medicamento Mounjaro, com o objetivo de informar e esclarecer a situação clínica e a natureza estritamente médica da indicação. Demais informações de cunho médico somente podem ser prestadas dentro dos limites éticos e legais, respeitando o dever de sigilo profissional", afirmou.

Medicamentos como o Mounjaro ganharam popularidade nos últimos meses. Originalmente indicado para tratar diabetes tipo 2, por compensar a falta de insulina, a caneta ficou conhecida pelo efeito "emagrecedor".

No Brasil, a prescrição do Mounjaro é regulamentada desde setembro de 2023, mas apenas em junho de 2025 a Anvisa aprovou o uso para emagrecimento. Até então, a prática era considerada off-label (fora da indicação da bula).

No entanto, a autorização é restrita a casos em que o Índice de Massa Corporal (IMC) seja igual ou superior a 27 kg/m² e haja pelo menos uma condição de saúde relacionada ao peso. Mais recentemente, a agência também validou o uso do medicamento para tratar apneia obstrutiva do sono.