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Urano e Netuno podem ser mais rochosos do que se pensava, indica novo estudo

Nova pesquisa sugere que os interiores dos gigantes de gelo são dominados por rocha e processos dinâmicos, desafiando modelos tradicionais.

16/12/2025
Urano e Netuno podem ser mais rochosos do que se pensava, indica novo estudo
Nova pesquisa sugere que Urano e Netuno podem ter interiores mais rochosos e dinâmicos do que se pensava. - Foto: © Foto / NASA / JPL-Caltech

Um novo estudo indica que Urano e Netuno podem ser muito menos "gelados" do que se imaginava, com interiores dominados por rochas e processos de convecção. Essa descoberta ajuda a explicar seus campos magnéticos incomuns e desafia décadas de modelos sobre a estrutura dos chamados gigantes de gelo.

Tradicionalmente, Urano e Netuno são classificados como "gigantes de gelo" devido às maiores quantidades de metano, água e outros voláteis em comparação com Júpiter e Saturno. Sob extrema pressão, esses materiais se solidificam, formando o "gelo" que caracteriza a categoria. No entanto, novas pesquisas questionam essa visão clássica e apontam para uma composição interna diferente da imaginada até então.

O estudo, conduzido pela Universidade de Zurique (UZH) e pelo NCCR PlanetS, propõe que os interiores desses planetas sejam menos gelados e mais rochosos do que se acreditava. Publicados na revista Astronomy & Astrophysics, os resultados sugerem que os núcleos de Urano e Netuno podem conter proporções significativamente maiores de rocha. Além disso, há indícios de que processos de convecção — semelhantes aos da Terra — estejam presentes em seus interiores.

Segundo os pesquisadores, Urano pode ser um gigante de gelo (E) ou um gigante rochoso (D), dependendo das hipóteses do modelo
Segundo os pesquisadores, Urano pode ser um gigante de gelo (E) ou um gigante rochoso (D), dependendo das hipóteses do modelo

Historicamente, os planetas do Sistema Solar são divididos em três grupos: rochosos internos, gigantes gasosos e gigantes de gelo. Essa classificação leva em conta a distância ao Sol e a presença de voláteis congelados além da chamada "Linha de Gelo". O novo estudo, liderado por Luca Morf e Ravit Helled, desafia essa estrutura tradicional ao sugerir que Urano e Netuno não se encaixam perfeitamente nessa categoria.

A compreensão limitada desses planetas decorre do fato de que apenas a sonda Voyager 2 os visitou, há quase quarenta anos. Para superar a escassez de dados, Morf e Helled desenvolveram um método inovador que simula os interiores planetários com perfis de densidade aleatórios e cálculos gravitacionais, sem depender de suposições rígidas sobre a composição.

Os resultados mostram que modelos "agnósticos" — que não presumem domínio de água no interior — descrevem melhor os dados observacionais. Isso sugere que Urano e Netuno podem ser majoritariamente rochosos, uma conclusão alinhada a estudos recentes sobre Plutão, cuja composição também se revelou mais rochosa do que se pensava.

O estudo também apresenta novas explicações para os campos magnéticos incomuns de Urano e Netuno, que possuem múltiplos polos. Os modelos incluem camadas de "água iônica" capazes de gerar dínamos magnéticos em regiões específicas, explicando a estrutura não dipolar observada. Os pesquisadores concluíram ainda que o campo magnético de Urano se origina mais profundamente do que o de Netuno.

Apesar dos avanços, o modelo ainda apresenta incertezas, reforçando a necessidade de missões dedicadas a esses planetas. Os novos cenários desafiam suposições mantidas por décadas e podem orientar futuras pesquisas sobre o comportamento da matéria em condições extremas.

Por Sputnik Brasil