Esportes

São Paulo esclarece denúncia de gestão temerária ao Ministério Público

Clube responde a questionamentos do MP-SP sobre venda de atletas, déficit financeiro e suposto conflito de interesses

09/12/2025
São Paulo esclarece denúncia de gestão temerária ao Ministério Público
São Paulo esclarece denúncia de gestão temerária ao Ministério Público - Foto: Reprodução / Instagram

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) recebeu uma denúncia anônima contra o São Paulo Futebol Clube por suposta gestão temerária, que poderia acarretar prejuízos financeiros e institucionais à agremiação. A diretoria do clube não descarta a possibilidade de motivação política por trás da denúncia.

Em nota oficial, o São Paulo informou ter respondido a todos os questionamentos do órgão e se colocou à disposição para prestar novos esclarecimentos. Até o momento, não foi instaurado inquérito para apurar o caso.

O MP-SP solicitou explicações sobre quatro pontos destacados na denúncia:

1 - Venda de atletas da base abaixo do valor de mercado

2 - Déficit de R$ 287 milhões na temporada 2024

3 - Suposto processo ilícito em parceria com a Galápagos no Fundo de Cotia

4 - Possível conflito de interesses envolvendo o filho do presidente Julio Casares

Em entrevista ao Estadão, o advogado do São Paulo, Guilherme Salutti, detalhou as respostas do clube para cada ponto levantado.

Venda de atletas

Salutti explicou que não é possível estabelecer um valor de mercado fixo para atletas, pois "o jogador vale aquilo que o mercado está pagando e o que o clube aceita receber". Segundo ele, um estudo de mercado comparou as vendas do São Paulo com negociações similares feitas por Flamengo e Fluminense, comprovando que os valores praticados estavam em linha com o mercado.

Déficit em 2024

O clube apresentou duas linhas de defesa: uma técnica, destacando a dificuldade de responder à acusação sem individualização de condutas ou autoria, e outra explicando as razões do déficit. "Gestão temerária requer dolo, ou seja, intenção deliberada de prejudicar o clube, o que não foi alegado de forma específica", afirmou Salutti. O déficit, segundo ele, decorreu de um orçamento ambicioso para 2024, elaborado após a conquista da Copa do Brasil em 2023, que previa receitas elevadas com premiações e transferências de atletas. Como o clube foi eliminado precocemente dos torneios e jogadores valorizados, como Pablo Maia, se lesionaram, as metas não foram atingidas.

Parceria com a Galápagos no Fundo de Cotia

O advogado esclareceu que o projeto não tinha caráter ilícito e não envolvia compartilhamento de direitos econômicos, prática vedada pela Fifa. A proposta visava segregar a unidade de negócio da base em um novo CNPJ, com investimentos externos e divisão de lucros (30% para o investidor e 70% para o São Paulo). O projeto foi suspenso pela diretoria devido ao momento delicado do futebol e ao foco no planejamento para 2026, não havendo previsão de retomada em razão do ano eleitoral.

Filho de Julio Casares

O caso foi classificado como coincidência. Segundo Salutti, o filho do presidente e o agente Aref Abdul Latif eram amigos e, durante a pandemia, criaram um CNPJ para uma empresa de serviços e produtos para pets, que nunca operou ou teve movimentação financeira. Uma investigação interna de compliance ouviu treinadores da base, que atestaram não haver interferência externa ou conflito de interesses. Oito jogadores agenciados por Aref integram a categoria sub-13 do clube, todos aprovados por desempenho e critérios técnicos.

"Esses meninos passaram por avaliação e peneira, e o Julinho (Casares) nunca interferiu. Tivemos uma segunda chancela de que não há conflito de interesses, sendo apenas uma coincidência", concluiu Salutti.