Curiosidades

Claudia Leitte é processada por alterar letra de música e pode pagar R$ 2 milhões

Verso da música 'Caranguejo' foi modificado; MP-BA pede indenização por dano moral coletivo

Agência O Globo - 20/12/2025
Claudia Leitte é processada por alterar letra de música e pode pagar R$ 2 milhões
Claudia Leitte é processada por alterar letra de música e pode pagar R$ 2 milhões - Foto: Reprodução

A cantora Claudia Leitte é alvo de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) após alterar um verso da música "Caranguejo" em 2024. O órgão solicita que a artista pague R$ 2 milhões por dano moral coletivo, alegando discriminação religiosa. Na canção, o trecho "Saudando a rainha Iemanjá" foi substituído por "Eu canto meu rei Yeshua". As informações foram publicadas por Danielle Brant, da Folha de S. Paulo, na última sexta-feira.

O valor pedido pelo MP-BA deve ser revertido para o Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos ou para entidades que representem religiões de matriz africana. Além disso, a cantora teria que realizar uma retratação pública. O Ministério Público também requer que Claudia Leitte "se abstenha de praticar qualquer ato de discriminação religiosa, direta ou indiretamente, em suas apresentações públicas, entrevistas, produções artísticas ou redes sociais, especialmente aqueles que impliquem supressão, alteração ou desvalorização de referências religiosas de matriz africana", conforme trecho do documento.

A ação foi motivada pela alteração do verso da música "Caranguejo" em dezembro de 2024, quando "Saudando a rainha Iemanjá" foi trocado por "Eu canto meu rei Yeshua", termo hebraico para Jesus. A denúncia foi feita pela iyalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro). Em janeiro, o caso gerou uma audiência pública promovida pelo MP da Bahia.

O processo é assinado pela promotora Lívia Maria Santana e Sant'Anna Vaz, da Promotoria de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, e por Alan Cedraz Carneiro Santiago, promotor de justiça e coordenador do Nudephac (Núcleo de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural).

Segundo o Ministério Público, a mudança do trecho é "agravada por sua notória projeção pública e pela amplitude de seu alcance midiático". O documento ainda afirma que a alteração teria origem em "motivação discriminatória, explícita e improvisada, traduzida em desprezo, repulsa e hostilidade em relação às religiões afro-brasileiras".

Procurada pela reportagem, a assessoria de Claudia Leitte não respondeu até a publicação desta matéria.