CARNAVAL INCLUSIVO é com o Bloco “ROCK MARACATU”, que levou INCLUSÃO e DIVERSIDADE na orla de Maceió

Por Edmilson Sá 05/02/2024 20h08 - Atualizado em 05/02/2024 21h09

Talvez afirmar que os carnavais de antigamente eram melhores e não tinham o consumismo e tantas outras coisas, como hoje em dia, não seja coerente, pois como atentou Burke, tanto em tempos passados, como nos atuais o carnaval expressa uma ideia carnal, sensual, transgressiva, entorpecente e, não raro, violenta:
"Em fins do século XIX, houve uma campanha para substituir o "grosseiro e pernicioso entrudo" (como o chamou o jornal de Notícias de Salvador, em 1884) por alguma coisa mais "racional", "higiênica" e "civilizada", no modelo europeu (como dito anteriormente, parece que a elite brasileira desconhecia a importância de sexo e violência na tradição carnavalesca europeia)."
 (BURKE, Peter. Variedades de história cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. p. 228.)

Contudo, percebemos que os excessos e consumos não mudaram muito, a essência ainda é semelhante. Seja no século XIX, XX ou nos dias atuais. Todavia, o carnaval se metamorfoseou e ampliou sua abrangência, de uma criação do Velho Mundo, que praticamente exige transe, sexo, agitações, irreverência à uma convergência muito mais elaborada. Se, em décadas atrás, antes de se criarem os bailes carnavalescos, que separavam camadas sociais, agora, mesmo com todas as características segregacionistas que ainda permanecem, o CARNAVAL SE APRIMOROU FOI MESMO NA DIVERSIDADE E NA INCLUSÃO SOCIAL, COMO NENHUM OUTRO MOVIMENTO CULTURAL BRASILEIRO.

E foi lindo de se ver, quando no início da tarde desse domingo, num sol de quase 40º, dia 04 de fevereiro de 2024, o Coletivo Rock Maracatu, puxou seu Bloco com uma batucada energizante, juntamente com uma cantora que dispensa apresentações, Fernanda Guimarães, com sua voz potente, evocando e convocando as pessoas presentes, nessa que foi a manifestação que mostrou uma enorme Diversidade e também era Inclusiva. Sim, tinha uma ala inteira – e protegida por um cordão de isolamento, só para Pessoas com Deficiência. Inclusive, com intérpretes de Libras que se revesavam para não perder nehuma música em todo o percurso. E foi de arrepiar, ver Pessoas com Deficiência, crianças, jovens, adultas e idosas se divertindo e inspirando e emocionando quem via sua alegria. E tudo isso em total segurança. Parabéns Rock Maracatu! Mostrou mais uma vez que tem um compromisso social e, acima de tudo, existe para incluir.

Outro ponto forte, porque tiveram vários, foi a lembrança que fez, a cantora Fernanda Guimarães, dos 112 anos da Quebra de Xangô, em Maceió – o que fez com que as religiões de matriz africanas, bem como muitas manifestações culturais, como o Maracatu, fossem quase que extintas de nosso estado. Mas agora, não mais! E o repertório? Foi de músicas carnavalescas tradicionais, até o Axé (das clássicas às atuais), MPB, Rock Nacional e Internacional (só clássicos), Samba Rock, Forró (com a participação do Sanfoneiro Fidellis), Maracatu, Coco de Roda, Ciranda, entre outras. E foi nesse percurso que uma das grande cantoras brasileiras da atualidade, Ana Cañas, deu as graças de cantar para milhares de pessoas que acompanhavam o Bloco Rock Maracatu. Mas não ficou só nisso não, Ana Cañas, que tem feito uma turnê no país, cantando as composições de Belchior, embalou de primeira, a música emblemática: Sujeito de Sorte. E logo depois, com a música: Como nossos Pais, mudando uma palavra da letra:

“Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles PERDERAM”...

Fazendo referência às últimas eleições, e a galera foi à loucura. De repente, um grito explodia no peito e ressoou como um renovo. E pra finalizar, Fernanda Guimarães ainda chamou as cantoras Wilma Araújo, a Artista Telma César, Mel Nascimento, juntas com Ana Cañas, para cantarem. Encerraram com chave de ouro. Foi um momento único, com um dos Blocos mais diverso e inclusivo da história das prévias de Maceió.