Alagoas

Hospital Helvio Auto esclarece diferenças entre profilaxia e vacina contra o HIV

Ana Paula Tenório / Ascom HEHA/Uncisal 16/12/2025
Hospital Helvio Auto esclarece diferenças entre profilaxia e vacina contra o HIV
De janeiro a outubro deste ano, o Hospital Escola Dr. Helvio Auto notificou 388 novos casos de HIV/Aids, - Foto: Ascom HEHA

O Hospital Escola Dr. Helvio Auto, unidade assistencial da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), referência no atendimento a doenças infectocontagiosas, traz a público, por meio de seus especialistas, um panorama dos atuais avanços nas pesquisas de vacinas contra o HIV, enfatizando suas diferenças com as medicações utilizadas na profilaxia, o que vem despertando dúvidas na população em geral.

 

De janeiro a outubro deste ano, o Hospital Escola Dr. Helvio Auto notificou 388 novos casos de HIV/Aids, sendo 348 casos em adultos, 24 casos de crianças expostas ao HIV e 16 gestantes com HIV. Houve aumento em relação a 2024, que registrou 318 casos no mesmo período.

 

Embora a comunidade científica avance na busca por uma vacina segura e eficaz contra o HIV, ainda não há nenhum imunizante aprovado. Segundo a médica infectologista do HEHA, Vânia Pires, é importante não confundir profilaxia com vacina. “Atualmente temos uma forma de prevenção, o Cabotegravir, que já está disponível no mercado, e deve ser adotado pelo SUS em 2026. É uma profilaxia pré-exposição baseada no uso de uma medicação injetável intramuscular a cada dois meses. No mundo existe outra medicação chamada Lenacapavir, que também faz esse mesmo processo de prevenção injetável, só que por um maior tempo, a cada seis meses e tem 100% de eficácia, só que isso não pode ser considerado uma vacina”, explicou.

 

Mesmo com os avanços significativos de estudos de várias vacinas em diferentes fases de pesquisa, não há nenhuma aprovada e eficaz contra o contágio. “A profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) é composta por antivirais que atuam diretamente contra o HIV, bloqueando a replicação do vírus se a pessoa for exposta. Mesmo sendo injetável, não podemos considerar como uma vacina, pois as vacinas visam estimular o sistema imunológico a produzir sua própria defesa duradoura, como anticorpos ou células de memória, de modo que, no caso de exposição ao vírus, o corpo já esteja preparado para combatê-lo”, esclareceu a infectologista Claudiane Bezerra.

 

Em outras palavras, a profilaxia apenas fornece proteção enquanto a droga estiver ativa no organismo. Quando a droga não está mais presente (no caso de esquecimento de doses e interrupção de uso), a proteção desaparece. O uso da PrEP não “treina” o sistema imunológico para responder ao vírus, como acontece na vacina. Por isso, os métodos atualmente disponíveis no Brasil, incluindo a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), devem ser vistos como estratégias de prevenção, e não como vacina.

 

Segundo o médico infectologista Fernando Maia, atualmente existem mais de 10 vacinas sendo desenvolvidas em todo o mundo: “Até agora, infelizmente, nenhuma delas conseguiu um nível de proteção minimamente exigido para que possa ser utilizada amplamente pela população em geral, porque o HIV é um vírus muito mutante, e por esta razão, ainda não se efetivou uma vacina que consiga contemplar todas as variedades e subtipos do HIV existentes, por isso essa dificuldade”, concluiu Maia.

 

Prevenção

 

Além da prevenção por medicação, as outras formas de precaução também devem ser estimuladas e mantidas: como o uso de preservativo e diminuição de parceiros sexuais, para a população em geral e para quem já vive com o HIV, o uso contínuo da medicação para manter a carga viral indetectável. “Segundo a Organização Mundial da Saúde, o indivíduo que vive com o HIV e apresenta exames que apontam a carga viral como indetectável, não transmite mais o vírus. Então, quando o paciente toma sua medicação corretamente, ele evita a transmissão para outras pessoas, lembrando sempre que são situações que têm que ser individualizadas e ajustadas com o profissional de saúde que acompanha esse indivíduo”, explicou a infectologista Vânia Pires.

 

Atualmente o Serviço de Assistência Especializada (SAE), do Hospital Helvio Auto, acompanha mais de 3.200 pacientes com HIV/Aids de todo o estado. Usuários do SAE, sob tratamento no HEHA, frequentemente alcançam carga viral indetectável, o que impede a transmissão, e vivem com expectativas e qualidade de vida semelhantes às da população geral.

 

O hospital mantém um programa estruturado de cuidado integral, que inclui não apenas medicação, mas também suporte psicossocial, orientação nutricional, acompanhamento de comorbidades e educação continuada em saúde pública, medidas que se mostram cada vez mais relevantes diante da persistência da epidemia e das desigualdades sociais que a atravessam.