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Setembro Amarelo e DM Aberta: Quando uma “boa intenção” pode mais atrapalhar do que ajudar o próximo
Se por um lado tal iniciativa parece louvável pelo caráter humanitário de auxiliar o próximo, por outro o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu alerta que esta ideia pode não fornecer o efeito esperado, e até mesmo trazer mais problemas para a pessoa que já está com a saúde mental abalada. “A ‘DM aberta’ pode atrapalhar mais do que ajudar. A pessoa que está em estágio de depressão grave pode ver aquela mensagem de forma pejorativa. Ela pode pensar que o dono da mensagem está feliz reforçando que ele não está, entre outros fatores. Há estágios que são delicados e as estratégias cognitivas são minuciosas”.
Assim, Fabiano alerta: “Mesmo que a pessoa esteja realmente com intenção de ajudar ao próximo, é preciso entender que naquele momento não há a presença de um profissional preparado para lidar com isso. Um psiquiatra, psicólogo ou psicanalista, a depender, por exemplo, saberá o histórico daquela pessoa e a real situação do seu quadro clínico, logo saberá lidar da melhor forma com aquela pessoa que está passando pelos problemas. E um conselho mal dado, ou simplesmente não interpretado corretamente, pode ocasionar uma série de problemas”.
A melhor forma de ajudar quem precisa de amparo nestas horas, recomenda Abreu, é convencer a pessoa a buscar um tratamento com um especialista: “Converse com a pessoa, a escute, mas reforce a ela a importância de procurar um profissional preparado para lidar com isso. Não assuma essa responsabilidade, você pode estar com aquela vida em suas mãos e isso é algo muito sério”, completa o neurocientista.
Há sete anos, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) tem organizado uma série de iniciativas que ganharam o nome Setembro Amarelo. A razão é que neste mês, mais precisamente no dia 10, é celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Esta é uma realidade que não pertence apenas ao Brasil, mas traz números alarmantes: cerca de 12 mil pessoas tiram suas próprias vidas no Brasil todos os anos enquanto mais um de milhão fazem o mesmo em todo o mundo. De acordo com essas entidades, 96,8% dos casos envolvem questões relacionadas a transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar e abuso de substâncias.
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