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Chico Xavier, um espírito de luz

14/09/2016
Chico Xavier, um espírito de luz

A assertiva acima de que Chico Xavier (Francisco Cândido Xavier) é um “espírito de luz” não é uma redundância ou um pleonasmo (uma “figura de linguagem” ou um “vício de linguagem”). “Um espírito de luz” (ou seja, um ser do bem) é proposital no contexto desta crônica, porque também existe a expressão “espírito das trevas”, enfatizando um ser espiritual do mal, demoníaco, maligno.

Na língua havaiana, o significado do nome “Manaolana” (Mallory) quer dizer “Mulher com espírito de luz”. O conceito espiritualista do termo “Espírito de Luz” se define como um “espírito evoluído” ou “espírito do bem”, que atua no espaço físico e psíquico ajudando a evolução de “espíritos inferiores”, ou seja, espíritos em fase de evolução, de progresso e de crescimento. Segundo os espiritualistas os “Espíritos de Luz” são similares aos “anjos”, puros e benéficos. Mas, aqui fica a advertência do Mestre dos Mestres, Jesus Cristo, que orientando seus discípulos ponderou: “Ainda que falasse a língua dos anjos, sem amor no coração, de nada valeria”.

Mas, o que será o “Espírito”. Na teoria de Platão (428-348 a.C.), que foi discípulo do filósofo Sócrates, o homem é possuidor de Corpo (matéria), de Espírito (energia que carrega as emoções, os pensamentos, os sentimentos) e de Alma (a essência do espírito), substância invisível, imaterial e supra-terrena. Enquanto o corpo modifica-se e envelhece, o espírito se transforma em novas energias e a alma, imutável e eterna, é divina. Esse campo de força ou de energia (espírito) pode ser impregnado de forma positiva ou negativa, de acordo com a qualidade das emoções, dos pensamentos e dos sentimentos. No “Mito do Cocheiro”, em diálogo com “Fedro”, Platão faz uma alegoria: “O corpo humano é a carruagem, eu, o homem que a conduz, os pensamentos as rédeas, os sentimentos são os cavalos”. Platão compara a alma a uma carruagem puxada por dois cavalos, um branco (irascível) e um negro (concupiscível). O corpo humano é a carruagem (espécie de Veículo), e o cocheiro (a Razão) que conduz através das rédeas (pensamentos) os cavalos (sentimentos). Isso quer nos ensina que cabe ao homem, através dos seus pensamentos, saber conduzir seus sentimentos, porque somente assim ele poderá se guiar no caminho do bem, com o espírito da verdade. Aliás, já dizia Sócrates, Mestre de Platão, que todo vicio é ignorância e que não há nada mais deprimente do que uma pessoa que age por impulsos e é dominada por paixões e por prazeres. Possuir autocontrole desses sentimentos é essencial para sermos felizes, visto que a felicidade só pode ser alcançada se formos capazes de dominar (moderar) nossos pensamentos e sentimentos pela razão. E no Novo Testamento, São Paulo (I Carta aos Tessalonicenses) faz distinção entre corpo, alma e espírito quando diz: “Que o próprio Deus da paz vos santifique inteiramente, e que todo o vosso ser – o espírito, alma e o corpo – seja guardado irrepreensível para a vinda do Senhor Jesus Cristo!” (5,23).

Na noite de domingo (30/06/2002), às 19h30, em Uberaba (MG), o coração de Chico Xavier parou de bater. Ele acabava de se deitar na sua cama estreita em seu quarto singelo de dormir, após ter rezado pela última vez. Ele partiu como queria, sem dor e sem sofrimento. Ninguém chorou sua morte porque, ao longo dos seus 92 anos, ela já havia “consolado” a todos com palavras de conforto.

Em vida, ao se referir à morte, ele disse: “Morre um capim, nasce outro”. E quando questionado sobre a quantidade das suas obras (412 livros), com tiragem de 25 milhões de exemplares, Chico Xavier respondeu: “Os livros não me pertencem. Eu não escrevi livro nenhum. ‘Eles’ escreveram”. Naquele dia, Chico Xavier se referia aos “Espíritos” de Emmanuel e de André Luiz, aos quais o

“Médium” atribuía a autoria das suas obras psicografadas e que lhe guiaram em vida. Alguns livros psicografados atribuídos a André Luiz foram adaptados para o teatro, a televisão e o cinema, notoriamente a obra “Best-seller” – Nosso Lar – como um filme de sucesso lançado no Brasil no ano de 2010.

Esse homem, Chico Xavier, que foi mulato e menino pobre em Pedro Leopoldo, cidade de Minas Gerais, filho de pais analfabetos, transformou-se em mito. Foi idolatrado, venerado, atacado e perseguido como um ídolo popular. Era um homem simples, humilde, amoroso e caridoso, possuidor de um bom coração e de bons sentimentos, que na vida praticou boas ações, servindo e amando o próximo… Pensemos nisso! Por hoje é só.