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Grupo do Conselho do Santos cobra punição a conselheiro por declarações racistas

19/04/2019

Um grupo formado por membros do Conselho Deliberativo do Santos resolveu se manifestar publicamente nesta sexta-feira e cobrar uma punição a Adílson Durante Filho, ex-membro da direção alvinegra e que ainda é um conselheiro do clube. Ele teve um áudio vazado na última quinta, no qual comete ofensas racistas contra jogadores do time da Vila Belmiro.

A gravação ocorreu há cerca de três anos em um grupo de uma torcida independente do clube, a DNA Santista, mas o tom altamente polêmico de suas declarações revoltou os atuais integrantes do Conselho Deliberativo e o próprio clube, que divulgou nota oficial na última quinta-feira para reprovar a atitude de Adílson Durante Filho.

Em certo trecho do áudio vazado, ele disse que “brasileiros pardos e mulatos são uma raça que não tem caráter”. O ex-diretor de futebol do time profissional santista entre 2008 e 2009, e que vinha ocupando o cargo de secretário-adjunto de Turismo da cidade de Santos, fez comentários atacando pessoas negras e sua fala foi divulgada nas redes sociais.

“Sempre que tiver um pardo… O pardo o que é? Não é aquele negão, mas também não é o branquinho. É o moreninho da cor dele. Esses caras, você tem que desconfiar de todos que você conhecer. Essa cor é uma mistura de raça que não tem caráter”, afirmou Adilson naquela ocasião.

E nesta sexta-feira, por meio de uma nota oficial assinada por 15 pessoas, membros do Conselho Deliberativo do Santos cobraram uma punição ao ex-dirigente, que também já foi diretor das categorias de base do time. Mais do que isso, acusaram Adílson de ter cometido um “crime inafiançável”.

“Os conselheiros do Santos FC abaixo-assinados vêm a público para repudiar o conteúdo racista de um áudio enviado por um conselheiro do clube e funcionário da cidade de Santos. Ao argumentar que uma determinada raça ‘não tem caráter’, o autor do áudio comete crime inafiançável. Pior ainda, diz que sua fala é baseada em ‘estudos’. Esse tipo de argumento era usado pelo nazismo na década de 1930 e, de maneira alguma, pode ser retomado nos dias de hoje”, ressaltou a nota.

Em seguida, o grupo cobrou uma atitude da direção do Santos contra o ex-dirigente da seguinte forma: “Dada a gravidade do conteúdo do áudio, os conselheiros solicitam que o Santos FC tome as medidas cabíveis para extirpar esse tipo de pensamento do clube. Enquanto cidadãos, também defendemos que a Prefeitura de Santos faça o necessário para que nós não tenhamos um prestador de serviço com tal pensamento”.

Por fim, a nota lembra de jogadores negros que brilharam com a camisa do Santos, assim como o próprio clube já havia feito ao repudiar as declarações racistas de Adilson. “Temos muito orgulho de torcer para um time que teve Pelé, Dorval, Mengálvio e Coutinho na linha de ataque mais famosa do mundo”, finaliza.

Na tarde desta quinta-feira, o Santos publicou uma nota na qual relembrou nomes como Pelé, Pepe, Coutinho e Zito para “ressaltar a harmonia entre negros e brancos” que fizeram história com a camisa do clube e afirmou “repudiar qualquer forma de racismo”, mas não citou o nome do conselheiro envolvido na polêmica.

Adilson, por sua vez, também se pronunciou em nota na quinta-feira, na qual “pede desculpas a todos que se sentiram ofendidos”, afirma ter se tratado de “um momento de infelicidade, onde foi levado pela emoção” e diz “não ter preconceito de cor, raça ou credo”.

Para completar, o prefeito da cidade de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, divulgou nota repudiando as falas do secretário e afirmou que ele está suspenso enquanto durar a sua licença. Na sequência, durante a tarde desta quinta-feira, Adilson pediu licença do cargo de secretário-adjunto de Turismo do município.

A nota oficial que cobrou uma punição ao ex-dirigente do Santos e atual membro do Conselho foi assinada pelos seguintes conselheiros: André Dantas, Cláudio Henn, Fabio Sartori, Guilherme Kastner, Jefferson Oliva, José Eduardo Lopes, Luciano Nunes, Marco Scandiuzzi, Nemésio Gomez Alonso, Nino Fidalgo, Renato Ramirez, Rogério Damásio, Rubens Passos, Vágner Lombardi e Vitor Loureiro Sion.

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