O palmito em conserva costuma marcar presença nas festas de fim de ano como ingrediente de pratos servidos em família. Mas, com a chegada desse período, uma dúvida ganhou destaque nas redes sociais: é necessário ferver o palmito antes de consumir?

A preocupação se deve ao risco de botulismo, doença grave causada pela ingestão da toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum (C. botulinum). Essa infecção pode ocorrer por ferimentos ou, principalmente, pelo consumo de alimentos contaminados que não passaram por processos adequados de produção e conservação, como pode ser o caso de alguns palmitos em conserva.

O palmito é um broto comestível retirado do centro do tronco de palmeiras. Segundo a nutricionista Annete Marum, doutora em nutrição pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o risco de contaminação aumenta quando o palmito é extraído de forma ilegal, sem seguir normas sanitárias rigorosas.

— É sabido que nem todas as empresas presentes hoje no mercado brasileiro seguem as normas de fervura que garantiriam a segurança do consumo do palmito — destaca Marum.

A infectologista Jane Teixeira, gerente da Saúde Digital do Grupo Fleury, reforça que, ao suspeitar da procedência, o ideal é ferver o palmito antes do consumo.

— Você deve colocar o pote de vidro, sem tampa, em uma panela com água, realizando uma fervura em banho-maria por pelo menos 15 minutos — orienta Teixeira.

Ela esclarece ainda que a toxina botulínica usada em procedimentos estéticos é diferente da que pode ser ingerida por meio de alimentos contaminados. A fervura, segundo a especialista, é uma medida adicional em caso de dúvida após a compra.

— A forma mais eficiente de evitar esse tipo de exposição, na verdade, não é a fervura. O principal é consumir produtos com licença da Anvisa e garantia de produção conforme as normas sanitárias vigentes — conclui.

Por isso, ambas as especialistas recomendam sempre conferir a procedência antes de adquirir palmito em conserva.

Como identificar a contaminação por botulismo em alimentos?

Em muitos casos, alimentos contaminados pelo botulismo não apresentam sinais visíveis. No entanto, alguns indícios podem sugerir a presença da toxina:

Estufamento de latas ou embalagens: embalagens estufadas indicam possível crescimento bacteriano.

Mau cheiro: embora a toxina nem sempre altere o odor, alimentos contaminados podem apresentar cheiros incomuns.

Alteração na cor ou textura: mudanças visíveis podem sinalizar contaminação, mesmo que nem sempre estejam presentes.

Sintomas do botulismo

O botulismo é uma doença neuroparalítica, que pode levar à paralisia da musculatura respiratória se não for diagnosticada e tratada rapidamente.

Entre os sintomas estão:

• Ausência ou diminuição dos reflexos do tendão profundo;
• Perda da função ou sensibilidade muscular;
• Ausência ou diminuição do reflexo faríngeo;
• Intestino paralisado;
• Pálpebra caída;
• Comprometimento da fala;
• Retenção urinária, com possível incapacidade de urinar.