Vida e Saúde

Onda de calor: especialistas alertam para riscos de choque térmico ao entrar no mar gelado

Em dias de altas temperaturas, cuidados simples podem evitar riscos como choque térmico e desidratação

Agência O Globo - 29/12/2025
Onda de calor: especialistas alertam para riscos de choque térmico ao entrar no mar gelado
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial - Foto: Nano Banana (Google Imagen)

Com as temperaturas elevadas, um banho de mar gelado costuma ser a escolha de muitos para aliviar o calor intenso. No entanto, a mudança brusca de temperatura — ao sair de uma sensação térmica próxima a 40ºC e entrar em águas com menos de 18ºC — pode oferecer riscos à saúde. Especialistas ouvidos pela Tribuna do Sertão esclarecem dúvidas e orientam sobre como evitar o choque térmico.

Existe risco de choque térmico?

O cardiologista Alexsandro Fagundes, professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e presidente da Sociedade Brasileira de Arritmia Cardíaca (Sobrac), confirma que há perigo ao submeter o corpo a uma mudança repentina de temperatura, especialmente em dias de calor extremo:

— O choque térmico é um conjunto de alterações que podem ocorrer diante de uma exposição abrupta a temperaturas diferentes. Isso pode acontecer ao entrar diretamente na água gelada após intensa exposição ao calor, com sensação térmica acima de 40ºC, principalmente em regiões onde a água do mar é mais fria — explica Fagundes.

Quais são os sinais de choque térmico?

Segundo o especialista, a entrada repentina na água gelada pode provocar vasoconstrição — o estreitamento dos vasos sanguíneos —, alterando a circulação em órgãos vitais, como o cérebro. “Essa reação pode causar hipotensão, abalos musculares, sensação de desmaio, tontura e, em casos extremos, risco de afogamento”, alerta.

A vasoconstrição é um mecanismo fisiológico para evitar a perda de calor, mas eleva a pressão arterial e pode comprometer a irrigação de órgãos importantes.

É melhor molhar o corpo antes de mergulhar?

Fagundes orienta que a adaptação à temperatura da água deve ser gradual: “Molhe o corpo aos poucos antes de mergulhar. Estar bem hidratado também é fundamental para prevenir complicações. Além disso, evite entrar no mar em locais sem vigilância ou a presença de pessoas por perto, para garantir socorro em caso de emergência”.

Crianças e idosos são mais vulneráveis à desidratação?

O cardiologista Marcelo Franken, do Hospital Israelita Albert Einstein, reforça a importância da hidratação em dias quentes. Ele explica que a perda de líquidos pode reduzir a pressão arterial, dificultar o transporte de nutrientes pelo sangue e causar alterações nos eletrólitos.

— A desidratação pode provocar sonolência, confusão mental, desmaios e, em situações graves, arritmias, insuficiência renal, AVC e infarto — afirma Franken.

Segundo o especialista, crianças e idosos são mais suscetíveis à desidratação: “Idosos sentem menos sede e podem não se lembrar de beber água, enquanto crianças pequenas dependem de adultos para repor líquidos. Portadores de doenças crônicas também são mais frágeis e podem sofrer desequilíbrios em dias de calor intenso”.