Vida e Saúde

Calorão: os riscos do calor extremo para a saúde e como se proteger

Inmet mantém alerta vermelho de calor para 1.284 municípios, com maior impacto no Sudeste; superaquecimento corporal pode causar insolação e morte

Agência O Globo - 28/12/2025
Calorão: os riscos do calor extremo para a saúde e como se proteger
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial - Foto: Nano Banana (Google Imagen)

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) manteve, pelo menos até segunda-feira, o alerta vermelho — nível máximo de risco — para a onda de calor intensa e persistente que atinge uma ampla área do Brasil, especialmente o Sudeste e regiões vizinhas. O aviso abrange 1.284 municípios, incluindo todo o estado de São Paulo, todo o Rio de Janeiro, o norte do Paraná, o sul de Minas Gerais e o sul do Espírito Santo.

Calor pode matar?

Morrer de calor não é apenas uma expressão: é um risco real, alertam cientistas. As altas temperaturas estão entre os principais problemas de saúde pública da década, segundo a revista Lancet, que recentemente publicou uma série especial de estudos sobre o tema.

O calor pode adoecer e matar de diversas formas. Um estudo liderado por Camilo Mora, da Universidade do Havaí, identificou 27 mecanismos fatais relacionados ao calor. Entre eles, cinco processos fisiológicos se destacam: isquemia (redução ou interrupção da irrigação sanguínea), citotoxicidade (envenenamento das células), inflamação, coagulação intravascular disseminada (formação de trombos que podem destruir órgãos) e rabdomiólise (síndrome causada pela destruição das fibras musculares).

Quais órgãos são mais afetados?

As altas temperaturas impactam gravemente sete órgãos: cérebro, coração, intestinos, fígado, rins, pulmões e pâncreas.

Quando o corpo é exposto ao calor, o hipotálamo ativa uma resposta cardiovascular que dilata os vasos sanguíneos e direciona o sangue para a pele, facilitando a dissipação do calor. No entanto, isso prejudica a irrigação de outros órgãos, como o pâncreas, e, com a baixa oxigenação, o corpo libera moléculas tóxicas.

Como ondas de calor matam?

O organismo perde grande quantidade de líquido na tentativa de se resfriar pelo suor. Em excesso, essa perda causa desidratação, tornando o sangue mais viscoso e sobrecarregando rins e coração. A desidratação também provoca vasoconstrição, aumentando o risco de trombose e derrame.

O calor extremo desestabiliza o organismo. O cérebro passa a receber menos oxigênio, comprometendo o comando de funções vitais.

— A pressão sanguínea é alterada, gerando um efeito dominó no sistema respiratório, nos rins e em outros órgãos. A pessoa deixa de trocar calor com o ambiente, podendo sofrer desmaios e, em casos graves, choque térmico letal — explica o especialista Coelho.

Acima de 39ºC ou 40ºC, enzimas essenciais ao metabolismo têm seu funcionamento drasticamente reduzido, prejudicando as reações químicas necessárias à vida. O corpo entra em colapso, deixando de metabolizar proteínas e açúcares para obter energia.

A tolerância ao calor varia entre indivíduos e depende do ambiente. Embora o calor seco seja desconfortável, a umidade agrava o problema, pois impede a evaporação do suor e dificulta a regulação da temperatura corporal.