RJ em Foco
Vivi para contar: 'Sonho com um réveillon de luzes projetadas em todos os prédios da orla'
Abel Gomes, vice-presidente da SRCOM, empresa que produz a virada de Copacabana, conta como é comandar a festa e lança ideias para o futuro
“Este é o 18º ano consecutivo que produzo o réveillon de Copacabana no formato atual (com a queima de fogos em balsas, instituída na festa de 2000 para 2001). A cada virada, a gente tenta inovar nos fogos, na iluminação, nos shows e em muitos outros detalhes para emocionar o público, pois a grande vedete da festa é e sempre será esse espetáculo.
Veja vídeo:
Réveillon 2026:
A realidade é que não existe em qualquer lugar do mundo uma comemoração como a do Rio, que reúne mais de dois milhões de pessoas. Para isso, começamos a pensar no réveillon a partir de março. É um desafio, inclusive, escolher o elenco de artistas que vai se apresentar. Devido ao sucesso carioca, cidades de todo o país passaram a festejar a virada, e as atrações se tornaram disputadas.
Sem margem para erro
É sempre um frio na barriga, ainda mais porque sou supersticioso. Descanso do lado direito da cama e levanto também com o pé direito, por exemplo. Só relaxo depois do último show. Do dia 30 para o dia 31, quase não durmo: gosto de acompanhar pessoalmente os testes de som e a montagem do palco. Não tem margem para erro. Teve um ano (2007 para 2008), quando ainda não organizava a festa, que os fogos foram detonados um minuto antes.
Cinturão de segurança:
O momento mais crítico começa às 23h, quando são feitos os ajustes finais para a contagem regressiva, que é eletrônica. O coração bate forte. Da central de comando, a gente confere se está tudo certo a todo minuto. Sempre levo para lá uma garrafa de champagne, mas só abro assim que termina a queima de fogos.
Depois desses anos, ainda tenho um sonho, mas hoje ainda é inviável economicamente. Gostaria de produzir um réveillon com um show de luzes projetadas em todos os prédios da orla, que se tornariam cenário da festa.
Influência nos hábitos
O curioso nisso tudo é que eu tive um papel na forma com que a população comemora a virada nos dias de hoje: o hábito de se vestir de branco, cor que representa o amor e a paz, que é tipicamente brasileiro, e de celebrar na praia. No início dos anos 1980, fui jantar com minha esposa (Sheila Roza) em um restaurante da Avenida Atlântica com o Péricles de Barros (ex-gerente de promoções do GLOBO, já morto). Escolhemos uma mesa junto à janela e observamos os seguidores do candomblé, todos com as vestes rituais brancas, a caminho da praia.
Espetáculo no mar:
Ali, a gente teve uma ideia: incentivar a população a usar branco e celebrar na praia. Na época, nem se usava a palavra réveillon, e as pessoas comemoravam a passagem do ano em casa ou em jantares. Péricles levou a ideia ao Dr. Roberto Marinho, que aprovou.
Durante quase um ano, a TV Globo e o jornal GLOBO fizeram uma campanha para as pessoas virarem o ano de branco. Deu certo! Naquela época, ainda não havia show de fogos como hoje: colocamos várias caixas de som na praia, com uma gravação que desejava Feliz Ano Novo em várias línguas. Depois, começou a queima de fogos (na areia), e a prefeitura passou a organizar shows para evitar que todo mundo fosse embora ao mesmo tempo.
Convite no carnaval
A forma com que produzo o réveillon é um acúmulo de experiências na carreira. Comecei a trabalhar com cenografia muito jovem, nos anos 1960, dos 15 para os 16 anos. O que nunca fiz foi trabalhar no desenvolvimento do enredo de escolas de samba. Entendo que em uma tarefa dessas seria impossível delegar funções, teria que me dedicar exclusivamente. E tenho uma empresa com mais de 200 funcionários envolvidos na organização de evento o ano todo. Até recebi um convite do Capitão Guimarães (Ailton Guimarães Jorge, ex-presidente da Liesa), que indicaria uma escola para fazer um enredo sobre Ayrton Senna, mas recusei”.
* Em depoimento a Luiz Ernesto Magalhães
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