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Traje de posse de Ana Maria Gonçalves na ABL é criado por profissionais da Portela
Escola homenageou autora com enredo inspirado em 'Um defeito de cor' no Carnaval 2024
A escritora Ana Maria Gonçalves, 13ª mulher e primeira negra a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL), toma posse nesta sexta-feira vestindo um traje especialmente confeccionado por profissionais da Portela, sob coordenação do carnavalesco André Rodrigues. A parceria entre a autora e a escola de samba começou em 2024, quando a azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira levou à Marquês de Sapucaí um enredo inspirado no romance "Um defeito de cor". O desfile rendeu à Portela prêmios expressivos, como o Estandarte de Ouro de melhor escola — reconhecimento que não vinha há mais de três décadas — e impulsionou as vendas do livro.
O processo criativo do traje, desenvolvido em diálogo direto com Ana Maria Gonçalves, foi acompanhado de perto por André Rodrigues. A peça, em verde-oliva escuro — cor tradicional do "fardão" dos imortais —, traz detalhes dourados nas mangas e na gola, reunindo referências à trajetória da escritora e à valorização da cultura negra.
“Não é apenas a construção física da roupa, mas o simbólico também importa. Isso mostra a potência dos nossos artistas e da capacidade da escola de samba de dialogar com diversos universos”, destacou o carnavalesco André Rodrigues.
Esta é a primeira vez que o traje de posse de um imortal da ABL é produzido por uma escola de samba. O ateliê do barracão da Portela, na Cidade do Samba, reuniu os talentos de João Vitor Ferreira, Raayane Costa e Anthony Albuquerque na confecção da peça.
Para o presidente da Portela, Junior Escafura, o momento reforça a relevância cultural da agremiação:
“A Portela é uma escola historicamente preta, formada por artistas que transformam ancestralidade em arte. Ver uma mulher como Ana Maria Gonçalves ser imortalizada na Academia Brasileira de Letras, vestindo uma criação confeccionada por nossos profissionais, é motivo de orgulho e reafirmação da nossa identidade. É a prova de que seguimos honrando o legado de Paulo da Portela e mostrando que o talento de Oswaldo Cruz e Madureira também alcança a imortalidade”, afirmou.
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